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sexta-feira

Curto e Grosso

O Globo e a mídia em geral receberam a notícia da Medida Provisória que dá mais poder aos bancos estatais com perplexidade e a paranóia anti-comunista de sempre. Mas o pior foi chamar o plano de Proer, na tentativa canhestra de colar em Lula a imagem de amiguinho de banqueiro, queimando-o junto à esquerda mal informada e os festivos radicais.

O plano, todavia, nada tem a ver com o Proer, que para quem não lembra significou doação de dinheiro público para diversos bancos em crise. A medida de Lula prevê compra de ações, estatização parcial, copiando a fórmula de sucesso usada por Europa e EUA. É uma medida inteligente porque o governo pode comprar ações a preço baixo e revendê-las, posteriormente, com lucro, gerando ganhos para o Tesouro e, portanto, para o contribuinte.

Fonte: www.oleododiabo.blogspot.com

segunda-feira

A moral

O homem, diziam os antigos, é fundamentalmente um ser que esquece. Nesta tese, também ela hoje esquecida, convergem profundamente as grandes tradições do pensamento oriental e ocidental.

Para os antigos, neste ponto dotados de maior sensibilidade do que nós, era evidente a existência de uma entrópica tendência humana ao esquecimento. Naturalmente, não se trata aqui do periférico (não nos esquecemos do aniversário da caderneta de poupança, nem da data da final do campeonato), mas do essencial: ao sabor da rotina do quotidiano, são as questões decisivas que se vão embotando - "0 que é ser homem?"; "Quem sou eu, afinal de contas?"; "O que é a felicidade?" etc.

Esse misto de desatenção e esquecimento a que o homem contemporâneo está especialmente sujeito acabou por criar uma crise de caráter espiritual, de orientação, de sabedoria e de moral. Uma crise tanto mais grave quanto muitos dos seus protagonistas mal suspeitam (pelo menos de modo consciente) de que essa carência existe e de que realmente é uma carência. Buscam-se as soluções definitivas para o profundo mal-estar do homem moderno em campos onde elas não podem estar: na economia, na tecnologia, nas ciências, nos movimentos ecológicos ou revolucionários, mas deixam-se sem resposta as questões mais decisivas.

Mais do que nunca, fala-se hoje, no Brasil, em Ética e Moral. A insistência no tema em discursos de campanha política nada mais faz, em geral, do que tentar capitalizar um anseio forte e urgente de toda a população. De aposentados a estudantes secundaristas, ninguém agüenta mais: "Moralidade já!", "Ética na política e nas relações sociais!".

Sob certo ponto de vista, não deixa de ser surpreendente esse clamor: afinal, a moral não foi precisamente uma das realidades "abolidas" pela geração contestaria, sob o signo de 1968? Mas o fato é que a moral não se deixa substituir facilmente, "assim sem mais", pelos novos ideais do individualismo massificado, da provisoriedade e do consumo. O problema do sentido da existência não entra no rol dos descartáveis; pelo menos, não se pode prescindir dele por muito tempo...

Mas, se todo mundo clama por moral, nem todos têm uma idéia clara do que entendem por moral ou do porquê da ética, dos fundamentos da moral. Nesse sentido, nós, que não temos a aprender com os antigos em matéria de ciência ou tecnologia, nada perdemos ao abrir um diálogo com eles nesse outro campo, em que estamos tão despreparados e eles detêm uma sabedoria "de ponta", de extrema atualidade.

O homem de hoje tem dificuldades para compreender o verdadeiro sentido da moral porque, ao pensar em moral, costuma imaginar alguma coisa ligada a regras e proibições, imposições mais ou menos incômodas e arbitrárias, procedentes de pais, professores, ministros religiosos; enfim, associa o tema a limitações da liberdade individual feitas pela sociedade. Totalmente outra é a concepção de nosso interlocutor antigo preferencial, Tomás de Aquino, que nem sequer poderia conceber a moral como algo imposto, nem como "assunto reservado a religiosos" e, menos ainda, como algo constrangedor ou repressivo à liberdade humana! O que, sim, ele afirma é que a moral é o ser do homem, doutrina sobre o que o homem é e está chamado a ser.

Sim, porque para Tomás a moral é entendida como um processo de auto-realização do homem; um processo levado a cabo livre e responsavelmente e que incide sobre o nível mais fundamental, o do ser-homem: "Quando, porém se trata da moral, a ação humana é vista como afetando, não a um aspecto particular, mas a totalidade do ser do homem...; ela diz respeito ao que se é enquanto homem".

Surge, neste instante, o que, para Kant, é o princípio supremo da moralidade: a autonomia da vontade, ou seja, a propriedade pela qual ela é para si mesma sua própria lei. O principio de autonomia indica “não escolher senão de modo a que as máximas da escolha estejam incluídas simultaneamente no querer mesmo, como lei universal".[1]

A este princípio, Kant oporá um outro, o da heteronomia, como sendo a "fonte de todos os princípios ilegítimos da moralidade".[2] A heteronomia surge sempre quando a lei que determina a vontade não possuir sua máxima de acordo com a legislação universal. A vontade deixa de ser ela mesma sua própria legisladora, e é guiada por leis que se originam na relação entre ela e seus objetos.

Se a função da razão que temos é transformar a vontade em vontade boa e, conseqüentemente autônoma, ou seja, livre – já que a submissão a si mesmo, e não a qualquer coisa fora de si, é liberdade – o homem tem como dever caminhar para o seu fim moral, obter a sua liberdade, submetendo-se às leis próprias da liberdade, porque "se a razão não quer se submeter à lei que ela se dá a si própria, tem de se curvar ao jugo das leis que um outro lhe dá; pois sem alguma lei nada, nem mesmo o maior absurdo, pode exercesse por muito tempo”.[3]

A vontade autônoma é aquela que se submete à lei moral encontrada por ela mesma, lei que define sua liberdade. E é esse o dever que se impõe ao homem: ser livre.

Em suma, ser livre é deixar-se ou melhor flexionar-se em si mesmo, ou seja, dobrar-se aos seus anseios, pois, esses desejos são os que nos tornam presos.

"A mosca que pousa no mel não pode voar; a alma que fica presa ao sabor do prazer, sente-se impedida em sua liberdade e contemplação."

São João da Cruz





[1] Kant, I., Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Editora Abril, Col. Os Pensadores, SP, 1973, p.238.
[2] Idem. Ibidem.
[3] Kant, I., O que Significa Orientarse no Pensamento?, in Textos Seletos, Ed. Vozes, Petrópolis, 1985, P.94.

quinta-feira

Tucanos e a educação...

Aprovada em julho deste ano, a lei do Piso Salarial Nacional dos professores é uma conquista história dos professores e pode representar o primeiro passo para uma série de modificações necessárias para valorizar a educação pública do país. A nova lei, além de institucionalizar uma remuneração mínima para a categoria no valor de R$ 950,00 para uma jornada de 40 horas semanais, garante que 33,3% das horas sejam destinadas a atividades extra-aula. O assunto é abordado em matéria da Fórum de outubro (em bancas a partir do dia 15) e não deixa dúvidas: garantir esse um terço da jornada para a preparação das aulas, correção de atividades e formação continuada será o grande desafio da categoria.

Na 3ª Reunião do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) foi preparada uma contra-proposta pedindo a revisão da lei no Congresso Nacional e no Senado. A nova “idéia” é a decisão do governo José Serra (PSDB) de contabilizar como horário para atividades extra-classe os intervalos de dez minutos entre as aulas na rede estadual.

A medida, segundo informações do jornal Folha de São Paulo, foi tomada para ajustar a rede à Lei do piso. Na mesma matéria, o autor do projeto de lei, o senador Cristovam Buarque (PDT), afirma que a nova interpretação do governo paulista "é uma farsa". O parlamentar ainda questiona: "como o professor vai corrigir provas, preparar aulas, em dez minutos?”. E declara o óbvio. “Esse período é para ele tomar água, ir ao banheiro."

Segundo a Secretaria de Educação de São Paulo, se não considerasse o intervalo, teria de gastar R$ 1,4 bi com novos professores. Informação controversa, uma vez que os custos adicionais do piso salarial deverão ser arcados em conjunto com a União. Agora, com a nova “adequação”, a proporção de atividades extra na rede estadual subiu de 17,5% para 31% da jornada.

Ou seja, após implementar metas, introjetar a política neoliberal e congelar o salário da categoria agora a pedagógica tucana quer acabar com o café e xixi dos professores.

quarta-feira

Eu amava a Alice

Eu estava ali sentado no hospital imaginando o que escrever sobre o Clássico dos Clássicos quando aquele senhor perdido em seus devaneios repetiu:

‘Eu amava a Alice’.

Antes que eu pudesse esboçar uma defesa ele prosseguiu. E eu não pude deixar de sorrir com o resto da história. História que eu transcrevo aqui pra vocês.

‘Eu amava Alice.

E o pai de Alice era rubro negro.

Diria mais, era um torcedor fundamentalista do Esporte.
Eu torcia pelo Náutico. Torcia é modo de dizer. Meu pai me levava a campo. Mas não compreendia bem aquela algazarra, aquela paixão.Eu só amava Alice.

Quiseram me fazer de mascote, mas eu resisti à idéia. O que Alice ia dizer quando soubesse?

Meu pai ficou triste. Porém era um raro exemplar de pai democrático naqueles tempos de palmatória. Desde esse dia não me forçou mais a ir a campo. Me dava um beijo e saía solitário para o estádio.

Eu ficava sonhando com Alice.

Naquele tempo namoro nem pensar. Era necessário um Concílio Vaticano pra pegar na mão da moça. Entretanto eu dava sorte, a mãe de Alice me dava aulas de reforço. E eu nunca melhorava muito na matéria senão eu deixava de ter aulas na casa de Alice.

Numa dessas aulas o pai de Alice puxou conversa sobre futebol e perguntou se eu torcia por algum time. Respondi de bate pronto: Esporte!

Ele exultou.

Antes que eu pensasse duas vezes ele me chamou pro jogo contra o Náutico quando o Esporte, que ganhara o primeiro turno e liderava o segundo turno, iria jogar contra o alvirrubro.

Ainda lembro bem o dia. 20 de novembro de 1951. Era aniversário de papai.

Eu amava Alice.

‘Combinado!’

No dia do jogo eu menti pra papai. Teria prova no dia seguinte, ia estudar com os amigos. Saí de casa como um fugitivo da lei e encontrei-me sorrateiro com o pai de Alice nos Aflitos. Quis o destino, este senhor de mil faces, que um rosto conhecido se cruzasse com o meu na multidão.

Meu pai trocara o caminho, quem sabe pensativo em sua solidão, e passara defronte da torcida do Esporte.

Lá estava eu.

Calabar.

Meu pai caminhou em minha direção e quando preparei o rosto pra primeira bofetada da minha vida ele me abraçou, deu um beijo em meu rosto e sussurrou baixinho em meu ouvido:‘

Não precisava mentir. Eu sempre vou te amar!’

E saiu para o seu lugar de sempre nas arquibancadas dos Aflitos.

Mudo.

Envergonhado, fui conduzido pelos novos amigos rubro negros sob os gritos de Cazá-Cazá.

Quando ergui meus olhos lá estava meu pai na torcida do Náutico. Eram poucos. Ninguém acreditava que naquela altura do campeonato algo fosse mudar a história.

Talvez apenas meu pai e os jogadores.

Quando o jogo começou, logo nos primeiros movimentos o atacante Tonho do Esporte marcou 1x0.

Meu pai olhava para o gramado hipnotizado. O que pensava eu não sei.Os torcedores do Esporte deliravam e provocavam na distância os seus adversários:

‘A turma é da fuzarca!’

O pai de Alice me abraçava.Um segundo depois o goleiro Vicente do Náutico sofre uma distensão. Não pode continuar jogando.Não havia substituição naquela época. O grande zagueiro Lula veste a camisa de goleiro e vai pro gol.

Grande parte da torcida alvirrubra vai embora. O massacre era uma questão de tempo.

Rezo para que meu pai vá embora. Mas o seu olhar permanece distante. Como se nem mesmo percebesse o gol.

Desvencilhei-me dos meus novos amigos. Corri pela noite até o meu pai. Abracei-o em silêncio.Iríamos enfrentar juntos ao dilúvio.O Esporte parte para a goleada. Seu ataque perde duas chances claras de ampliar o marcador.

De repente Alcidésio avança e observando Manuelzinho adiantado dispara. Parecia impossível, a bola alcança as redes e o jogo está empatado: 1x1!

O que restou da torcida começa a gritar ‘Veteranos’. Era assim que se chamavam os jogadores doNáutico. Algo em todos nós avisa que o leão está nocauteado. Levou um direto no queixo. Djalma como um raio dribla toda a defensiva adversária e marca o tento da virada 2x1.

Esporte era o líder invicto do returno.

Lula prossegue defendendo tudo depois do intervalo. Então Zeca aumenta para 3x1. Hélio Mota faz 4x1. O oportunista Fernandinho estabelece a goleada: 5x1!

Todos os atacantes do Náutico assinalaram um gol. Lula não sofreu nenhum.

O pai de Alice proibiu minhas aulas de reforço.

E daí?

Naquela noite voltamos eu e meu pai gritando N-Á-U-T-I-C-O pelas ruas da cidade.

Durante os anos que se seguiram assistimos muitas vitórias. Muitas derrotas também doeram em nosso coração.

Mas estávamos sempre juntos.Estádio dos Aflitos era o nosso país das maravilhas...'

Fonte:http://fronteirasnotempo.blogspot.com/2007/09/o-post-de-hoje-foi-copiado.html

terça-feira

A onda vermelha invadiu o BRASIL!

No G79, PT sai na frente; PMDB e PSDB empatam em 2º.

O PT continua a ser o líder no G79, com chance de ampliar sua presença em relação ao que tem hoje.

O partido de Lula conta atualmente com 17 cidades no G79. Agora, a sigla já elegeu 13 prefeitos nesse universo (as 26 capitais e os 53 municípios com mais de 200 mil eleitores). Está no segundo turno em outras 15 localidades no segundo turno. Pode, portanto, chegar a 28 cidades governadas. Em 11 segundos turnos disputados pelo PT o candidato da legenda obteve a classificação na posição de primeiro colocado.

Em segundo lugar no G79 estão, empatados, PSDB e PMDB. Os tucanos e os peemedebistas já elegeram 9 prefeitos no primeiro turno cada. No segundo turno também estão idênticos, com 11 disputas.

Não tem preço ver o PT liderando em todo o Brasil.

Para quem deu o PT como acabado, na onda do esquema de caixa 2 montado por Delúbio, quebrou a cara.

Hoje, inegavelmente, o PT é o partido preferido dos brasileiros.