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sexta-feira

#BlogNemComento - Senhores, sou um poeta.


Senhores jurados sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto

Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim

Sou em código o azul de todos
(curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes

Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei

Senhores professores que pusestes
a prémio minha rara edição
de raptar-me em criança que salvo
do incêndio da vossa lição

Senhores tiranos que do baralho
de em pó volverdes sois os reis
sou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis

Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além

Senhores três quatro cinco e Sete
que medo vos pôs por ordem?
que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem?

Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza
não apedrejeis meu pássaro
sem que ele cante minha defesa

Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever
ó subalimentados do sonho!
a poesia é para comer.

Antologia da Poesia Portuguesa Contemporânea, Editora Nova Aguilar, 1999 – RJ, Brasil

#BlogNemComento - Recife 14 dias sem jornais circulando. Em 1990. Vídeo histórico


E aê?

#BlogNemComento - Charges de Carlos Latuff de apoio ao Ocupa USP

#BlogNemComento - Gráficos de Pernambuco aprovam estado de greve e prometem intensificar ações


Escrito por: Sindgraf-PE

Os empresários gráficos optaram em sair do silêncio para oferecer um ridículo reajuste salarial aos seus trabalhadores. Na verdade, o percentual corresponde à reposição da inflação anual, logo, não existe na prática, aumento de salário. A proposta demonstra que, mesmo após a greve na gráfica IGB e paralisação no Diário de Pernambuco, os patrões insistem em desrespeitar a categoria. Porém, os trabalhadores estão mobilizados e decidiram em assembleia entrar em Estado de Greve e, em caso de nova proposta indecente dos patrões, o cenário pode se transformar em Greve Geral.

Para decidir sobre o caso, os trabalhadores terão uma nova Assembleia Geral na quinta-feira (3), às 19h, na sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de Pernambuco (Sindgraf-PE), filiado à CUT-PE. Os trabalhadores querem um reajuste de 17% e implementação de plano de cargos e salários, além de outros benefícios sociais.

A categoria espera que dessa vez, a pauta de reivindicação seja analisada seriamente pelos empresários. “Queremos uma proposta de reajuste salarial com base no atual crescimento econômico do Estado, condição que também permite que se avance nas clausulas sociais”, conta o Sindicato, ressaltando que é mais que justo partilhar o progresso econômico vivido em Pernambuco.

Entretanto, o Sindicato adianta que as grandes empresas estão sendo analisadas de forma particular. Em campanhas salariais anteriores, estas gráficas sempre ficavam no guarda-chuva das pequenas, pois acabavam se beneficiando na hora da definição do reajuste salarial, uma vez que o sindicato patronal sempre justificou que um maior aumento percentual poderia quebrar as pequenas e médias gráficas. Dessa forma, o salário era aumentado com base na capacidade das menores, enquanto que as maiores empresas, que possuem grande capital e negócios, faturavam ainda mais às custas dos pequenos salários e condições de trabalho dos funcionários.

“Agora, são as grandes empresas que terão que pagar a conta”, diz o sindicato, destacando que o piso salarial não pode ser simplesmente estabelecido pela condição das pequenas. O piso tem que ser digno para todos trabalhadores e aquelas empresas que possuem melhores condições econômicas precisam remunerar ainda melhor seus funcionários. Inclusive, já tem empresas que sinalizam fechar acordo em separados da proposta do sindicato patronal, mostrando uma evolução bem superior a da mesa de negociação, demonstrando que não querem paralisações, nem outro tipo de mobilização dos trabalhadores em suas empresas. ‘Quem sabe faz a hora não espera acontecer’.


Será que o Diário de Pernambuco e o Jornal do Commercio vão terceirizar o processo? Fica a pergunta!

quarta-feira

#BlogNemComento - A violência e a mulher


Por Maria Beatriz Nader (27/10/11)


Para a compreensão da complexidade da violência contra a mulher o conceito de gênero deve ser entendido como uma construção social e cultural, sustentada pela diferença do feminino e do masculino. Se o conceito de gênero é a distinção entre atributos culturais alocados a cada um dos sexos e a dimensão biológica de seres humanos, a violência contra a mulher se refere a qualquer ato de violência que tenha por base o gênero, ou seja, o fato de a vítima ser mulher.


Desde os anos de 1960, muitas mulheres, acadêmicas ou ligadas a outros setores sociais, organizadas, deram origem ao Movimento Social Feminista. Fruto desse Movimento, a Secretaria de Políticas para as Mulheres, desde 2003, institui políticas públicas para o enfrentamento às desigualdades entre homens e mulheres. Sua criação reforça a violência contra mulher como um problema social e dá “visibilidade” a essa violência, pautando-se no entendimento de que a relação entre os sexos não é um fato natural, mas sim uma interação social construída e com interesses ideológicos patriarcais que firmam o poder masculino sobre o feminino.


Para nós, capixabas, a indicação do nome de Iriny Lopes para a direção da SPM foi um orgulho. Ficamos ainda mais orgulhosas quando percebemos que ela é uma ministra atenta e tem se posicionado diante de questões que até então eram vistas como “apenas uma propaganda publicitária”, mesmo que estas reforcem sistematicamente o lugar da mulher como a “boa dona de casa” ou como um “fetiche”.


A estratégia publicitária de transformar o corpo da mulher em mercadoria, ao invés de promovê-la como sujeito, reforça o seu lugar de objeto. E isso tem tudo a ver com o fenômeno da violência contra mulheres, já que o agressor não vê a sua agredida como igual numa relação, mas num patamar inferior.


Vivemos um paradoxo: enquanto o Estado brasileiro promulga a Lei Maria da Penha, uma das mais avançadas do mundo no combate à violência contra mulheres, temos que conviver com propagandas publicitárias com personalidades que reificam a subordinação sexual. No caso capixaba, a situação ainda é mais grave já que, segundo o Mapa da Violência do Instituto Sangari (2010), o Espírito Santo lidera o ranking nacional de mortes violentas de mulheres.


Isso sim deveria se objeto de discussão permanente na imprensa e nas campanhas publicitárias, espaços que poderiam ser aliados da luta das mulheres contra violência, pautando seu trabalho sempre na responsabilidade social e no respeito aos direitos humanos.


*Maria Beatriz Nader é professora da Ufes e membro da Academia Feminina Espírito-Santense de Letras


Fonte: Gazetaonline

terça-feira

#BlogNemComento - Eu não vou me mover - Curta Metragem