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quinta-feira

#BlogNemComento - Nunca


Nunca diga não pra mim
eu não vou poder trabalhar, conversar, descansar sem o teu sim
seja sempre assim
por favor me dê um sinal
um cartão postal, um aval dizendo assim
'não, não é o fim, dure o tempo que você gostar de mim
entre o não e o sim, só me deixe quando o lado bom for menor do que o ruim'

Nunca se esconda assim
eu não vou saber te falar, te explicar que eu também me assusto muito
você nunca vê que eu sou só um menino destes tais
que pensam demais
logo mais, vou correr atrás de ti.

'não, não é o fim, dure o tempo que você gostar de mim
entre o não e o sim, só me deixe quando o lado bom for menor do que o ruim'

segunda-feira

#SomDaNoite #BlogNemComento - Maria Bethânia - Dona do Dom

#BlogNemComento - Palocci hoje. E amanhã?

Por Edinho Silva* (01/06/11)

O ministro Palocci sofre as consequências de um modelo de Estado arcaico, que não mais responde às demandas do Brasil para o século 21

Não quero com esse texto fazer nenhuma defesa cega do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. Ele tem esclarecimentos a dar para a nação brasileira e para os organismos do governo, e os dará.

Longe de ter a intenção de minimizar o seu livre-arbítrio, Palocci sofre as consequências de um modelo de Estado arcaico, que não responde às demandas do Brasil do século 21 e às exigências da sociedade civil existente.

O fato de Palocci ter uma empresa de assessoria e estabelecer contratos com a iniciativa privada não caracteriza nenhuma ilegalidade.

Portanto, da perspectiva legal, o então deputado federal não cometeu nenhum erro.
Mas quando a notícia da existência de sua empresa e do que ela faturou veio a público, presenciamos a reação da sociedade, por sinal, legítima; como presenciamos a tentativa de setores da oposição, de forma oportunista, de se utilizar do fato para investir em uma crise no governo Dilma Rousseff.

A i negável reação de setores da sociedade civil demonstra, em última análise, uma vontade de mudança; de haver reforma de regras, de normas, em que fique muito claro o que se pode e o que não se pode na atividade pública, que supere o antagonismo entre a flexibilidade normativa do Estado e o rigor interpretativo da sociedade civil.

Palocci é sujeito de seus atos, mas também objeto de relações entre o público e o privado, em que a complacência legal do Estado torna os indivíduos mais vítimas que vilões. Vítimas de aparato estatal envelhecido e débil, alimentado pelas conveniências do privado, inclusive por setores da mídia que temem, conservadoramente, reformas, e legitimado pela inércia e pela perplexidade casual da sociedade.

Mais uma vez, presenciamos em abundância a energia destinada à interpretação que falta na mobilização pelas reformas do Estado brasileiro. De forma hipócrita, dá-se preferência para o debate das consequências, e n ão das causas.

A inexistência de unidade social e política, muitas vezes incentivada pelos interesses imediatistas do privado, para implementar as reformas já gerou muitas baixas na vida política brasileira. Agora, estamos vendo sofrer um considerável desgaste um dos melhores quadros políticos de sua geração.

Tive a oportunidade de conhecer o militante Palocci, fundador de muitos diretórios do PT na região de Ribeirão Preto. Vi o dirigente do Sindicato dos Médicos organizar a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e lutar pelos direitos dos trabalhadores.

Presenciei um vereador e deputado dedicado e visionário, um prefeito que entendeu a necessidade de inovar nas políticas públicas, referência para o Brasil.O país deve a Palocci e a Guido Mantega o êxito da política econômica do governo Lula, que criou as condições para que o Brasil crescesse com justiça social. Uma bela biografia neste momento atingida.

E pior, por atos amparados pelo Estado. O episódio vivenciado por Palocci tem que deixar lições.

Penso, e tenho defendido, que o PT utilize o seu acúmulo político tirando as reformas do Estado brasileiro da carta de intenções, criando as condições para que sejam efetivadas, trazendo para as regras e normas aquilo que a sociedade civil já projetou, decidiu e incorporou à sua cultura política.

A armadilha continua ativada.

Qual liderança e qual partido político será o próximo?

*Edinho Silva é presidente do PT no Estado de São Paulo e deputado estadual (PT-SP).

#BlogNemComento - A CUT é diferente das outras centrais

Por Artur Henrique, presidente da CUT(16/06/11)

Em maio, quando a Central Única dos Tra balhadores (CUT) decidiu realizar no próximo 6 de julho um Dia Nacional de Mobilização em defesa da classe trabalhadora, sua Executiva Nacional deliberou que era necessário procurar entidades com histórico de luta, mobilização, representatividade e, especialmente, com bandeiras de luta em sintonia com a Plataforma que a CUT formula e pratica desde a sua criação. O objetivo era e continua sendo claro: priorizar a unificação em torno de uma pauta comum entre as entidades dos movimentos sociais com essas características.

Por isso, a CUT procurou o MST, a CMP (Central de Movimentos Populares), a Marcha Mundial de Mulheres, a FUP (Federação Única dos Petroleiros) e outras entidades da CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais), que apoiaram a ideia e se incorporaram ao processo de mobilização e organização dessa ação unitária da CUT e dos movimentos sociais.

Como sempre, saímos na frente

Temos assistido recentemente tentativas de algumas centrais sindicais de pegar carona nas mobilizações da CUT.

Um exemplo recente dessas tentativas foi o anúncio, por parte de outras cinco centrais, de que estariam realizando uma mobilização – justamente – no dia 6 de julho. Fizeram isso mais de um mês depois de a CUT ter anunciado o seu Dia Nacional de Lutas para a mesma data.

Sob o falso argumento da unidade das centrais sindicais em torno da pauta trabalhista aprovada no Pacaembu, em junho de 2010, e das conquistas obtidas nos últimos anos, dizem que basta fazermos mobilizações conjuntas para obtermos vitórias.

A avaliação da conjuntura nacional feita pela direção da CUT é diferente.

Essa suposta unidade é falsa

Talvez o único ponto em que temos consenso entre as centrais sindicais seja a redução da jornada de trabalho para 40 horas, que é fundamental, mas somente a nossa “unidade” não foi capaz de colocar a proposta para ser aprovada pelo congresso nacional.

Porém, e os outros pontos da nossa pauta?

Vamos elencar algumas propostas que nos diferem, a começar pela mais evidente e aquela que, a julgar por todas as práticas das demais centrais, é instransponível para aquelas entidades:

Convenção 87 e fim do imposto sindical

Lutamos por liberdade e autonomia sindical, com aprovação da convenção 87 da OIT; pelo fim do imposto sindical e a implementação de uma contribuição da negociação coletiva aprovada pelos próprios trabalhadores em assembleias.

Trabalho decente

Pela implementação da agenda do trabalho decente, com mais e melhores empregos, por igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, a luta contra a precarização e a terceirização, e a luta pela redução da jornada de trabalho para 40 horas sem redução de salário; pelo fim do fator previdenciário e pela regulamentação da convenção 151 da OIT. Pelos enunciados aqui expostos, pode-se ter a falsa impressão que todas as centrais têm acordo em relação a este parágrafo, mas não existe tal acordo, como veremos a seguir.

Terceirização

Temos uma posição muito clara em relação à terceirização: ela é responsável pelo aumento das mortes, acidentes de trabalho e de doenças profissionais e vem sendo utilizada pelo capital para precarizar as condições de trabalho, reduzir custos, enfraquecer o movimento sindical criando milhares de sindicatos de gaveta. Por tudo isso, propusemos um projeto de lei, apresentado pelo deputado federal Vicentinho (PT-SP), regulamentando a terceirização. Enquanto isso, algumas centrais sindicais que têm alguma representação em empresas terceirizadas querem aumentar a terceirização, ou seja, querem fortalecer o setor empresarial na falsa expectativa de aumentar o número de sindicatos filiados a elas. Enquanto isso, os trabalhadores…!!!!

Convenção 151 da OIT

Essa convenção garante a negociação coletiva para os trabalhadores do setor publico em todo o Brasil. Foi incluída como reivindicação pela CUT nas Marchas da Classe Trabalhadora e encaminhada pelo ex- presidente Lula ao Congresso Nacional, que a aprovou. Estamos agora precisando aprovar rapidamente a regulamentação da 151, para que ela possa entrar em vigor em todo o território nacional, democratizando as relações de trabalho no setor público. Foram realizadas milhares de horas de negociação junto ao Ministério do Planejamento para aprovar um projeto que regulamente a negociação coletiva e a solução dos conflitos.

E o que fazem as outras centrais sindicais? Criaram outro grupo no âmbito do Ministério do Trabalho – hoje totalmente aparelhado por uma central – para discutir o mesmo assunto e embaralhar o processo que já vinha bastante adiantado. E o que é mais grave: as premissas defendidas por algumas centrais são para piorar a situação, ou seja, querem implementar a unicidade sindical e o imposto sindical no setor publico, na contramão de tudo aquilo que defendemos. O movimento sindical no setor público já nasceu sob o manto da liberdade e autonomia sindical e sem o imposto. As demais centrais não estão preocupadas com a negociação coletiva e sim com a organização sindical no setor público do ponto de vista deles.

Para nós da CUT, a luta pelos pressupostos das convenções 87 e 151 da OIT são princípios fundamentais e históricos da CUT. Isso, somado à legislação de combate às práticas antissindicais, direito à negociação coletiva e a organização por local de trabalho são pressupostos para consolidarmos uma nova estrutura sindical de acordo com os princípios cutistas e que fortaleça as entidades sindicais realmente representativas, com o fortalecimento da negociação coletiva rumo ao contrato coletivo de trabalho por ramo de atividade.

Fim do fator previdenciárioMilhões de trabalhadores aguardam as discussões sobre o fim do fator previdenciário para decidir o que fazer de suas vidas: se aposentam ou se esperam o resultado das negociações. Enquanto isso, a tábua de expectativa de vida do IBGE vai sendo alterada a cada ano e, assim, aumenta o tempo necessário para que as pessoas se aposentem.

Em lugar de apresentar propostas concretas e viáveis, como a CUT fez ao apresentar para o debate o Fator 85/95, em 2009, as centrais repetem o mantra do “fim do fator previdenciário” sem dizer como isso pode acontecer.

Apostam assim na demagogia e deixam na espera milhões de trabalhadores e trabalhadoras. E o que é pior, a cada ano a situação piora. Quando começamos esse debate, em 2009, um trabalhador para ter 100% do seu benefício precisava ter 35 anos de contribuição e 62.4 de idade. Hoje, dois anos depois, precisa ter 64.7 anos de idade para alcançar os mesmos 100%.

Educação

Defesa da implementação do Plano Nacional da Educação com a destinação de 10% do PIB brasileiro para a educação; a ampliação da educação no campo e a qualificação profissional com participação dos trabalhadores. Esta é uma luta que a CUT e suas entidades têm levado adiante sem o real envolvimento das outras centrais.

Alimentos

Defesa da reforma agrária, aprovação da PEC do trabalho escravo, do limite de propriedade da terra para diminuir a enorme concentração hoje existente; a mudança do modelo agrário, com a ampliação dos recursos e de politicas publicas para a agricultura familiar, que é responsável por 70% dos alimentos que chegam a mesa dos brasileiros (as); a luta contra os agrotóxicos e contra os especuladores do agronegócio. Como é sabido, as outras centrais não têm dedicado seus esforços à luta por essas mudanças – a não ser que se entenda que simplesmente assinar panfletos genéricos sobre os temas pode significar luta de fato.

Reformas política e tributária

Por uma reforma política que amplie a democracia direta e que fortaleça a democracia representativa e por uma reforma tributária que seja progressiva com base na renda e no patrimônio. As demais centrais têm debatido esses assuntos e estão empenhadas, colocando gente na rua, para pressionar por essas mudanças?

Somos diferentes: lutamos em todas as frentes

Esses são alguns exemplos da impossibilidade de fazer mobilização conjunta com as outras centrais, pois como faremos atos políticos se os objetivos são outros?

Faríamos mobilizações conjuntas só para produzir imagens para a mídia convencional, sem nenhuma consequência ou avanço para a classe trabalhadora?

É evidente que não. O que precisamos é construir nosso próprio Dia Nacional de Mobilização, com muitos militantes nas ruas de diferentes cidades do País, para defender a pauta da CUT e dos movimentos sociais, com todas as suas especificidades, e convencer a opinião pública da importância de nossas bandeiras.

As demais centrais, ao elaborarem a agenda das suas mobilizações, colocam quase todas as suas fichas na disputa junto ao Congresso Nacional acreditando que essa é a única frente de luta.

Para a CUT, a principal tarefa é mobilizar os trabalhadores/as na base. O dia 06 de julho será um dia de assembléias em todos os sindicatos filiados à Central (atrasos na entrada, paralisações de uma, duas ou quatro horas, passeatas, manifestações nos aeroportos, etc).

E a luta deve se dar em todas as frentes – no Legislativo, Executivo e Judiciário – no Governo Federal, nos Governos Estaduais e Municipais.

É importante ainda deixar claro que não faltou à CUT, nos últimos anos, disposição para dialogar e elaborar propostas em conjunto com as demais centrais. Investimos muito tempo e trabalho nessa tarefa, porém o vai e vem das outras entidades em suas posições, deixando os processos de tomada de decisão inconclusos, é o que de fato prejudica essa unidade na luta.

Continuaremos sempre buscando a unidade na luta quando o assunto for de interesse geral da classe trabalhadora, como é o caso da luta pela redução da jornada de trabalho para 40 horas sem redução de salário.

SOMOS DIFERENTES! SOMOS CUT!

* Artur Henrique é presidente nacional da CUT

domingo

#BlogNemComento - Nossas Histórias

Não lembrava desse, mas, Ivaldo me fez lembrar.

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Da luta e da bravura resta o mito.

Da educação e sutileza resta a barbárie.

De outros resta alguns.

Da impaciência e falta resta saudade.

De uma estrada torta resta a direção.

De uma reta resta a solidão.

Daquela areia resta só o grão.

Daquele sonho resta só a imensidão.

Daqueles abraços restam só os desejos.

Daqueles cheiros restam vontades.

Daqueles lençóis restam miragens.

Daquelas noites, afagos.

De uma vida resta a experiência.

De um casal restam os filhos.

Dos filhos restam netos.

Dos netos, nossas histórias.

#BlogNemComento - Entrevista com Cesare Battisti


muito boa entrevista de Cesare Battisti poucas horas antes do julgamento no Supremo Tribunal!
ConJur — Como o senhor se sentiu quando viu as notícias de que esteve muito próximo da liberdade no começo de maio?
Cesare Battisti — Eu acreditei porque, aqui, me agarro a toda esperança. Eu acreditei, efetivamente, que depois do parecer do procurador-geral da República, o STF pudesse resolver essa situação que já virou uma coisa absurda.
ConJur — Agora, a situação será resolvida. O Supremo analisará se a decisão do ex-presidente Lula, de mantê-lo no país, respeitou o tratado de extradição firmado entre Brasil e Itália. Qual a sua expectativa?
Battisti — O próprio Supremo decidiu que a última palavra é do presidente da República, desde que se respeitasse o tratado de extradição. Isso foi feito. O presidente Lula se baseou no artigo 3º, letra F, do tratado, que diz que o país pode negar a extradição se tiver razões para supor que a pessoa terá sua situação agravada. Então, eu espero que o STF venha confirmar o que ele próprio decidiu.
ConJur — O senhor considera a possibilidade de ser extraditado?
Battisti — Não considero. Outros italianos na mesma situação que eu, que foram acusados dos mesmos crimes, estão livres aqui no Brasil. A Itália também pediu a extradição deles e o mesmo STF negou. Que diferença existe entre Cesare Battisti e os outros italianos que tiveram a extradição negada?
ConJur — Devolvo a pergunta: que diferença existe?
Battisti — Está claro que é uma perseguição. Isso não é só uma impressão na minha consciência. Por que eu, entre as centenas de refugiados no mundo, na França, no Brasil, no México, na Nicarágua? Por que eu? Não é porque a minha situação seja mais grave. Há outras pessoas que tem responsabilidades políticas muito maiores.
ConJur — Por que o senhor?
Battisti — Porque eu fui à mídia, era conhecido por ser escritor e aparecia sempre na imprensa, na televisão. Nunca parei de denunciar o que aconteceu na Itália durante os anos de chumbo. Não desisti de denunciar que existem pessoas que estão apodrecendo nas cadeias italianas há 40 anos ou mais. Nunca deixei de denunciar os assassinatos da repressão, as execuções sumárias, as torturas. Essa é a razão pela qual eu comecei a ser perseguido pelo governo italiano, principalmente depois de 2000, quando eu estava na França e tinha uma imagem pública que podia incomodar muito a Itália.
ConJur — Quando compara seu caso a outros, o senhor se refere a italianos que cometeram crimes políticos. Mas o Supremo, ao anular seu refúgio concedido pelo ex-ministro da Justiça Tarso Genro, decidiu que seus crimes foram crimes comuns...
Battisti — Jamais cometi crimes comuns. Fui um militante político e não teria sido condenado à prisão perpétua se a acusação não fosse por crimes políticos. No pedido de extradição, o governo italiano cita dezenas de vezes “insurreição armada contra os poderes do Estado”. Tem caracterização mais política do que isso? Não faz sentido a Itália me condenar por crimes claramente políticos e o Brasil, paradoxalmente, me extraditar por crime comum.
ConJur — Parte da mídia o classifica como terrorista. O senhor cometeu atos de terrorismo?
Battisti — Eu me sinto mal, caluniado, quando leio ou assisto reportagens que me chamam de terrorista. É uma coisa que eu não consigo digerir. Esses órgãos de imprensa seriam até passíveis de denúncia por calúnia porque em nenhum momento nos autos do processo na Itália aparece a palavra terrorista. Existe no processo o termo subversão, não terrorismo. Usar o termo terrorista nesse contexto é uma ilegalidade. Deveriam pelo menos saber a diferença entre luta armada e terrorismo. Não são coisas iguais.
ConJur — Qual a diferença?
Battisti — Normalmente, o terrorismo é uma reação de grupos de poder para pressionar um povo, uma nação. No terrorismo, se fazem atentados indiscriminados onde se matam civis. Isso não existiu na Itália. Na Itália existiram, é verdade, atentados. Mas foram atentados contra pessoas bem precisas. Não foram ações indiscriminadas. Na Itália não se usaram bombas. As bombas na Itália foram usadas pelos serviços paralelos secretos de Estado. E aí mataram civis. Estouraram bombas nas manifestações, nos bancos, nos trens. Essas foram ações de Estado. Não há um exemplo sequer de bombas que tenham matado civis colocadas pela guerrilha italiana. Defender isso é mentira, má-fé, ignorância, ou tudo junto. Por isso fico indignado quando sou tratado como terrorista. Não existiu terrorismo de extrema esquerda na Itália. Existiu terrorismo de extrema direita, juntamente com o Estado, com os serviços sujos, que se chamam de serviço paralelo do Estado italiano. O mesmo serviço que tentou me seqüestrar depois que eu fugi da França.
ConJur — Quando o senhor cita o tratado de extradição, fala de seu processo, desce a minúcias. Estudou muito seu caso no tempo em que está preso aqui?
Battisti — Na verdade, percebi a dimensão do meu caso só aqui no Brasil. Foi aqui que descobri que fui condenado à revelia quando estava no México. Também descobri que a Justiça italiana falsificou documentos. Eu tinha sido processado na Itália e fui condenado por ação subversiva. Não sabia da existência de outros processos por homicídios. Foi no Brasil que eu descobri que meu caso não era como os outros. Meu caso se politizou porque querem fazer de mim o bode expiatório dos anos 1970. Alegam que eu era uma liderança ameaçadora. Eu era muito jovem naquela época, sem condições de ser o líder que o governo italiano alega. Também não fundei os PAC como muitos sustentam.
ConJur — Quantos anos o senhor tinha quando foi para a luta armada?
Battisti — Eu comecei a militar em movimentos de esquerda com 16 anos. Tinha pouco mais de 20 anos quando militei nos PAC. Nunca fui uma liderança. Por isso insisto que o processo de extradição é uma perseguição da Itália, que nunca quis admitir o que aconteceu lá nos anos de chumbo, sempre escondeu os milhares de presos políticos e todas as ações da repressão. A intenção das autoridades italianas é transformar a minha imagem de exilado, refugiado político, na de um bandido comum. Aí conseguirão virar o capítulo dos anos de chumbo na Itália com a falsa imagem de que só houve criminosos comuns.
ConJur — Mas o senhor foi condenado por quatro homicídios. Há testemunhas nos processos...
Battisti — Os processos têm declarações sobre declarações, umas contradizendo as outras. Por exemplo, me condenaram pelo assassinato de Sabbadin [O açougueiro Lino Sabbadin foi morto em fevereiro de 1979]. O primeiro delator deste processo, junto com o procurador [da República em Milão] Armando Spataro, que chefiava todo o esquema de tortura na região de Milão e hoje é o herói antiterrorismo, me acusou de executar o crime. Depois, deram nova identidade para ele e o mandaram para o exterior, porque assim é que as coisas funcionam na Itália. Alguns meses depois, prendem outra pessoa que, sob tortura, confessa o crime. Aí precisavam arrumar as duas versões. Chamam a pessoa de volta e ela diz que era a motorista da ação e não assassinou Sabbadin. Mais alguns meses depois, prendem uma mulher que diz que ela era a motorista. Então, mudam de novo as versões e me acusam de dar cobertura à ação. Na verdade, não conseguiram demonstrar qual foi meu papel neste crime, pelo simples fato de que eu não participei. Mas fui condenado por este homicídio. Existem pelos menos quatro ou cinco versões diferentes, montadas conforme o passar dos anos, para acomodar as intenções do procurador Spataro, que foi o arquiteto de toda a repressão na Itália.
ConJur — Todos os processos foram montados?
Battisti — Fui condenado pelo assassinato do policial Andrea Campagna [morto em abril de 1979], agente da polícia secreta política. Esse atentado foi feito em frente a um banco. Há testemunhas, que trabalhavam no banco, que disseram que quem atirou no policial era uma pessoa alta. Durante as audiências, testemunhas disseram: “Era um homem loiro e tinha mais de 1,90m”. Eu não chego a 1,70m e loiro não sou. Mas o procurador disse na audiência que eu costumava usar botas com salto. Convenhamos, 20 centímetros de salto alto e loiro...
ConJur — O senhor também é acusado de executar pessoalmente o chefe dos guardas da prisão de Udine, Antonio Santoro, em junho de 1978...
Battisti — Santoro era o chefe da prisão e foi acusado de torturar presos. Mas as testemunhas deste caso, vários agentes penitenciários e outros operários de uma obra que trabalhavam em frente ao presídio, assistiram à execução do Santoro e disseram que foi uma mulher que atirou contra ele. Depois, efetivamente, essa mulher confessou o crime, cumpriu pena e já está em liberdade. Você se dá conta do absurdo desta situação? Há pessoas que estão pagando e outras que já pagaram pelos mesmos crimes que me imputam a autoria. Mas para me condenar neste caso o procurador afirmou: “Era o Cesare Battisti com uma peruca”.
ConJur — Mas o senhor era do grupo. Não teve qualquer forma de participação ou conhecimento dos assassinatos?
Battisti — Quando esses atentados foram executados pelos PAC eu já tinha deixado a organização. Eu saí justamente porque o princípio número um dos PAC, quando foi fundado, era o de não atentar contra a vida humana. A organização foi fundada por ex-militantes das Brigadas Vermelhas e outras organizações. Então, quando os PAC legitimaram o sequestro e a morte de Aldo Moro, que foi executado pelas Brigadas Vermelhas, eu deixei o grupo junto com muitos outros militantes.
ConJur — De qualquer forma, o senhor participou da luta armada...
Battisti — Continuei militando depois do assassinato de Aldo Moro, mas fora dos PAC.
ConJur — Qual foi sua participação na luta armada?
Battisti — Eu organizava lutas em toda zona sul de Milão. Organizei o que chamávamos de expropriação proletária, que eram assaltos, para financiar a luta. Defendíamos o direito à moradia, redução dos valores de aluguel, eletricidade, telefone... Ocupávamos prédios vazios para garantir lugar para famílias que não tinham onde morar. Fizemos manifestações para a reforma da saúde, reforma universitária, em defesa do feminismo, do direito ao aborto. Nestes atos, havia enfrentamentos. Combatíamos o trabalho no mercado negro, que fazia as pessoas trabalharem sem carteira ou qualquer direito. Havia muita gente explorada, muitos acidentes de trabalho com mortes, inclusive. Nesta época, fábricas da Itália, mesmo as grandes, amontoavam trabalhadores em porões, no subsolo da periferia, sem qualquer condição decente de trabalho. Então, o que nós fazíamos? Ocupávamos esses lugares, tirávamos todos os trabalhadores de lá e queimávamos a fábrica. Mas uma coisa é certa: nunca matei ninguém!
ConJur — O senhor foi condenado por algum destes crimes?
Battisti — Sim. Por associação subversiva e posse ilegal de arma, em 1979.
ConJur — Os processos por homicídio vieram depois?
Battisti — Sim, quando eu já estava no México. Nesta época, começo da década de 1980, começou a repressão forte, as torturas. Para usufruir a delação premiada, os delatores acusavam as pessoas que estavam fora do país, porque era mais fácil e menos perigoso. Foi o que aconteceu com o meu caso. Eu estava fora da Itália, mas ainda incomodava o governo italiano porque falava e escrevia sobre o que se passou lá.
ConJur — Muitos dizem que o senhor tenta criar uma teoria da conspiração para se inocentar dos crimes...
Battisti — O que eu digo é que há perseguição. Como dizer que não há perseguição? As pessoas que defendem de maneira ferrenha minha extradição e tentam sujar meu nome vão contra a Procuradoria-Geral da República, contra o presidente da República e contra as evidências. A Itália tem poder. No Brasil existem 25 milhões de pessoas de origem italiana. Há personagens de origem italiana na mídia, com influência. A embaixada italiana usou tudo que estava ao seu alcance contra mim. A minha prisão em 2007 foi anunciada duas horas antes de eu ser preso. Quando eu cheguei à Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro já havia 50 jornalistas. A imprensa foi preparada contra mim.
ConJur — O senhor conseguiu a proeza de unir em favor da sua extradição revistas com linhas editoriais tão diferentes quanto Veja e CartaCapital.
Battisti — Há na imprensa amigos dos velhos stalinistas italianos do PCI (Partido Comunista Italiano), que eram nossos adversários na época. E há também amigos do procurador Spataro. Eles tomaram posição contra mim por isso. Paradoxalmente, os que mais querem as cabeças dos movimentos de extrema esquerda da época são os ex-PCI.
ConJur — Por quê?
Battisti — Porque nós tiramos o crédito deles. O PCI compartilhava o bolo com a Democracia Cristã na época. Eles dividiam o poder. Todos corruptos. A Itália estava apertada entre essas duas forças. Finalmente, quando o povo percebeu que não era mais representado, surgiram os partidos de extrema esquerda, de 1967 para frente. Seguidores destes partidos decidiram sair para a luta armada. A Polícia matava na Itália. Depois da morte de manifestantes por tantos anos, decidiu-se que era preciso também se armar. A repressão foi muito ruim para a Itália. Com o pretexto de combater a luta armada, o governo destruiu um grande movimento cultural, talvez o mais importante na Europa depois da Segunda Guerra Mundial. O próprio governo italiano declarou que a guerrilha na Itália envolvia, direta ou indiretamente, um milhão de pessoas. Houve 60 mil pessoas denunciadas e mais de 10 mil condenadas. É muito para um país como a Itália. E a Itália quis e continua querendo esconder isso. Esse movimento aconteceu em toda a Europa, na Itália talvez tenha durado mais tempo. Enquanto todos os países europeus anistiaram os crimes políticos para virar a página de sua história e seguir em frente, a Itália continua negando sua história.
ConJur — No Brasil, o Supremo reconheceu há pouco tempo a constitucionalidade da Lei da Anistia brasileira.
Battisti — A maior parte dos países da Europa fez isso. França, Alemanha, Suécia, Bélgica, Portugal, por exemplo. Porque depois de 1968 nasceram grupos armados em todos os países europeus. Todos os países aprovaram anistias nos anos 1980, porque eles reconheceram sua história. A Itália negou sempre. Por que negou? Porque o Estado italiano matou centenas de pessoas em atentados, sem contar as execuções sumárias dos militantes de extrema esquerda na rua, na cama, dormindo. Todos os dias havia mortos. A opinião pública nem reagia mais a isso.
ConJur — Mas havia mortos dos dois lados do conflito, não?
Battisti — Sim, mas morreram muito mais militantes do que agentes do Estado. O número de mortos a serviço da repressão não deve chegar a 10% do número de mortos dos militantes de esquerda. Só com um atentado em Bolonha mataram 83 pessoas, com mais de 200 feridos.
ConJur — O senhor assistiu ao primeiro julgamento de sua extradição no Supremo, em novembro de 2009?
Battisti — Ouvi o julgamento pelo rádio. Aquela pessoa não sou eu nem os fatos foram aqueles.
ConJur — O senhor ouvirá o julgamento quarta-feira?
Battisti — Não. Fiquei traumatizado e não quero passar por outra experiência assim.
ConJur — O senhor imaginou que seria o pivô de uma situação que quase causa uma crise diplomática entre Brasil e Itália?
Battisti — De jeito nenhum. Ainda hoje tenho dificuldades para assumir isso. Amigos e familiares até se queixam comigo. Dizem: “Você tem que tomar consciência que é assim”. Mas isso revela o interesse que move a Itália a me jogar na cadeia 32 anos depois dos fatos. Comigo na cadeia, o Estado poderá dizer que nunca existiu guerrilha na Itália, porque eu fui extraditado por crime comum. Essa é a vitória de todos os assassinatos, os massacres feitos pelo Estado. Porque, por esses crimes, ninguém foi condenado. Não tem uma pessoa condenada pelas centenas de assassinatos de militantes de extrema esquerda. Ninguém! Se eu calasse a boca, como todos os outros refugiados que se reciclaram, se integraram na sociedade, são empresários, empregados, têm comércio, nada disso estaria acontecendo comigo. Há pessoas refugiadas aqui no Brasil que têm muito mais responsabilidade do que eu no mesmo grupo, mas estão caladas. Então, elas estão nas ruas e eu, preso. A perseguição da Itália foi por causa das denúncias que fiz sobre o que aconteceu lá. Aí começaram os ataques desleais e sujos contra mim.
ConJur — Se o Supremo decidir em seu favor, o senhor pretende ficar no Brasil?
Battisti — Eu cheguei ao Brasil em 2004 para ficar, não para fugir. Nunca me escondi. Na verdade, cheguei aqui monitorado. Desde que desci no aeroporto de Fortaleza, eu estava monitorado. Fiquei monitorado durante três anos, até 2007, quando fui preso. Eu conhecia os policiais que estavam me monitorando, falava com eles. Então, por que não me pegaram logo? Durante esses três anos eu tive encontros com importantes brasileiros. Nunca me escondi.
ConJur — O senhor ainda nutre a esperança de ter uma vida normal? Como seria?
Battisti — A minha vida será reconstruir tudo. Acabaram com minha vida profissional e afetiva. Eu não vi crescer minha filha menor [Battisti tem duas filhas: Valentine e Charlene, a mais nova]. Eu tenho que recomeçar. Quero ficar aqui porque eu gosto do Brasil. Não é hipocrisia, é verdade. É um ótimo lugar para desenvolver minha atividade de escritor.
ConJur — O senhor se arrepende de ter participado da luta armada?
Battisti — Quando eu saí dos PAC nos anos 1970, não tinha ideia de que a luta armada era um caminho errado. Que, na verdade, causaria o fim do nosso movimento. Isso veio depois. Com a distância, me dei conta que a luta armada mesmo foi um erro porque era impossível mudar um governo, um país europeu, com armas. Mas a luta não foi em vão. Valeu à pena lutar. Muitas conquistas sociais que hoje são vistas como normais na Itália, foram conseguidas com luta, com a morte de muitas pessoas. Para termos a igualdade de direitos entre o homem e a mulher, morreu gente. Para o divórcio, morreu gente. Para o acesso à saúde, morreu gente. Mas a Itália não reconhece isso. Não interessa falar dos italianos que imigravam para a Alemanha, a Bélgica ou a França para trabalhar nas minas, quase como os escravos. Nos bares alemães, eu cansei de ouvir isso, havia cartazes: “Proibida a entrada aos cachorros e aos italianos”. Esqueceram essa parte da história. Mas eu escrevi livros sobre isso. A Itália é o irmão pobre que virou rico e se esqueceu da família pobre. E não tem nada pior que lembrar ao novo rico publicamente que ele foi pobre. Ele vai te atacar. A Itália é um país assim. O Andreotti [Giulio Andreotti, líder do Partido Democrata Cristão italiano e primeiro-ministro por oito anos em diferentes períodos] ficou 40 anos no poder e foi condenado por atividade mafiosa. A máfia estava no poder naquele período.

#BlogNemComento - A Marcha da Liberdade por dentro



Na tarde do sábado 18, milhares de pessoas marcharam pela liberdade em mais de 40 cidades brasileiras. Cerca de 100 entidades participaram da organização dos atos, que fazem parte de um movimento nacional contra a violência policial durante manifestações pacíficas. “Por todo o país, protestos legítimos foram reprimidos com ataques violentos da força policial. Querem nos calar”, dizia o manifesto que circulou pela internet nas últimas semanas.

Na capital paulista, a marcha reuniu aproximadamente 2,5 mil pessoas, segundo a PM, e percorreu toda extensão da Avenida Paulista. Os manifestantes partiram do vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo) às 16 horas, seguiram no sentido Consolação, deram a volta na Praça do Ciclista e retornaram no sentido Paraíso. O ato terminou por volta das 18:50 horas na Praça Oswaldo Cruz. Não houve prisões, nem confronto entre policiais e manifestantes. Diga-se de passagem, a Tropa de Choque não compareceu, nem mesmo para acompanhar de longe.

Militantes das mais variadas causas participaram da passeata. Estudantes de esquerda, anarquistas, feministas, ambientalistas, gente à favor do passe livre, à favor da descriminalização da maconha, gente contra a construção de Belo Monte e contra a Homofobia. “Estamos aqui também para comemorar. O STF liberou a marcha da maconha”, comentou a estudante de geografia Patrícia Marques.

Na semana em que o STF assegurou o direito à liberdade de expressão para defender a discriminalização das drogas, o que se viu foi uma enxurrada de cartazes e palavras de ordem referentes ao tema.

No mundo e no Brasil, a ação direta está em alta. Foram ao menos cinco atos nos últimos dois meses. E quem acompanha os noticiários com um pouco mais de atenção, deve perceber que em outros países, policiais não utilizam bombas de efeito moral, muito menos balas de borracha.

Ou seja, sob um Estado Democrático de Direito, beira o absurdo reprimir manifestações pacíficas com violência excessiva. “Os armamentos utilizados para reprimir manifestações pacíficas de cunho social desrespeitam os direitos humanos e ferem a Constituição”, avaliou Marcelo Zelic, vice-presidente do Movimento Tortura Nunca Mais.

De fato, algumas instituições do Estado ainda não fizeram a transição para a democracia. É o caso das tropas de choque espalhadas pelas polícias do Brasil. Para piorar, apesar de existirem convenções internacionais e regras do Ministério da Justiça que avaliam a conduta dos policiais, não há regulamentação específica e os parâmetros são subjetivos.

Na busca de uma solução definitiva para o assunto, o deputado Adriano Diogo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo, requisitou audiência pública. Marcado para acontecer no próximo dia 30, o encontro pretende debater um projeto de lei que imponha limites ao uso de armas letais ou não-letais pela Polícia Militar durante as passeatas.

#SomDaNoite #BlogNemComento - Mestre Ambrósio - Pé-de-calçada

segunda-feira

#BlogNemComento - Disseram, vi e vivi


Um dia me disseram

Que um militante se vanglória

Pelas lutas

Pelas vitórias

Pelas conquistas

Em coletivo

Certa vez eu vi

Um militante

Sem glória

Sem vitórias

Sem conquistas

Nunca soube e nem vi

Um militante

Numa luta

Numa vitória

Numa conquista

Com alguém

Do que vivi

Das militâncias

Das lutas

Das vitórias

Das conquistas

Eu não coloquei a venda

Na varanda

No cartaz

E sim, na esperança do outro.

sábado

#SomDaNoite #BlogNemComento - Mercedes Sosa - Solo le Pido a Dios

#BlogNemComento - 'Nós' e 'Eles'.


Não estou entre os que vêem o mundo e realidade social e política sob as lentes do maniqueísmo. Resisto à concepção dualista que reduz a complexidade do real à oposição entre o bem e o mal. O humano é um ser não redutível ao raciocínio maniqueísta. A história da humanidade demonstra que os bons, que se vêem como os justos, cometeram atrocidades. O mal mora no coração e nas mentes dos bons e ninguém é absolutamente bom ou mal. A depender das circunstâncias somos capazes de atitudes que não imaginamos e não nos reconhecemos. A nossa bondade pode causar muitos estragos, ainda que involuntariamente.

A história também comprova que meios considerados maus podem gerar bons resultados. O movimento da história é dirigido pela violência. Como diria o filósofo da práxis, a violência é a parteira da história. No entanto, ela é cruel e sangrenta. Consome almas e corpos; causa sofrimentos, dores indescritíveis e deixa marcas nos que sobrevivem. Não obstante, para o bem ou para o mal, a violência transforma o mundo. Só os ingênuos, os candidatos à beatificação e os que vivem com a cabeça nas nuvens não reconhecem este fato. Os profetas desarmados sucumbem. Se refletirmos bem, mesmo as religiões que afirmam o bem contra o mal foram regadas com sangue e padecimentos. Estudemos, por exemplo, as origens e evolução do cristianismo!

É a dialética da contradição humana. Somos seres contraditórios e talvez o maniqueísmo seja uma espécie de porto seguro. Quando estabelecemos muros que separam os “bons” dos “maus”, os “puros” dos “impuros”, invariavelmente nos colocamos do lado dos “bons” e dos “puros”. Isto nos dá segurança, sentido à vida e apazigua as nossas consciências. E aos que acreditam nos céus, alimenta a esperança de que serão salvos. Não esqueçamos que também o maniqueísmo é uma construção humana e corresponde às necessidades do ser no mundo. É compreensível.

A politização do ideário maniqueísta é um problema. A dialética é derrotada e substituída por dualismos que beiram a irracionalidade. Os “bons” e os “maus” são definidos a partir de critérios morais, à maneira religiosa, e o maniqueísmo é instrumentalizado para definir lados como absolutos. Amigos versus inimigos, nós contra eles. Ora, a divisão dual é incapaz de explicar a heterogeneidade entre os “nossos” – e pode nos fazer crer, erroneamente, que não há diferenças entre eles.

Contudo, é preciso escolher um lado. A neutralidade é uma doce ilusão e o apolitismo é próprio, como diria Brecht, do analfabetismo político. Há muito que escolhi o meu lado e, apesar das crises, da queda dos muros ideológicos e das decepções políticas, ainda me identifico com a escolha que fiz. Politicamente, estou com aqueles que lutam contra as injustiças geradas pela sociedade capitalista. São os libertários e marxistas, mas também os cristãos da teologia da libertação e/ou que assumem posições políticas à esquerda. Sim, estou entre os que se identificam com os princípios e valores ideológicos da esquerda. Somos “nós” contra “eles”.

Não é a rendição ao maniqueísmo, muito pelo contrário. Há muito superei a fase em que acreditava que estava entre os “bons” contra os “maus”. Tenho clareza de que o nosso lado, como o deles, é composto por seres humanos imperfeitos. Sei que os meios e fins de muitos dos “nossos” são profundamente autoritários. Se tomassem o poder político, eu estaria na oposição de esquerda em defesa da liberdade de expressão e de crítica. Muitos dos “nossos” também são corruptíveis e não vacilariam em perseguir os “inimigos” da nova ordem. Sou parte do “nós”, mas sem ilusões em suas utopias autoritárias e meios que contradizem os fins almejados, tão retoricamente enfatizados!

quinta-feira

#SomDaNoite #BlogNemComento - Pra ser sincero - Marisa Monte

segunda-feira

#SomDaNoite #BlogNemComento - Não esqueça de mim - Nana Caymmi & Erasmo Carlos

#BlogNemComento - Nesse dia seria tudo diferente


Acordaria

Ligaria pra você

Escutaria o seu ‘te amo’

Sairia

Voltaria

Você na janela

Com um belo sorriso

Desejaria tudo aquilo

Se não fosse nesse dia

Se tudo fosse diferente

Se não fosse nesse sonho

Se fosse amor.

domingo

#SomDaNoite #BlogNemComento - SOJA - You and Me

#BlogNemComento - Mocha Garcia e Lula en Foro de São Paulo

#BlogNemComento - O Japa sabe de tudo.


No primeiro dia de aula numa escola secundária dos EUA a professora apresentou aos alunos um novo colega, Sakiro Suzuki, do Japão.
A aula começa e a professora:
-Vamos ver quem conhece a história americana. Quem disse: 'Dê-me a liberdade ou a morte'?
Silêncio total na sala.
Apenas Suzuki levanta a mão e diz:
- Patrick Henry em 1775 na Filadélfia.
-Muito bem, Suzuki.
-E quem disse: 'O estado é o povo, e o povo não pode afundar-se.'?
- Abraham Lincoln em 1863 em Washington.
A professora olha os alunos e diz:
- Vocês não têm vergonha? Suzuki é japonês e sabe mais sobre a história americana que vocês!
Então, ouve-se uma voz baixinha, lá ao fundo:
- Vai tomar no cú, japonês filho da puta!
- Quem foi? Grita a professora.
Suzuki levanta a mão e sem esperar responde:
- General McArthur em 7 de dezembro de 41 em Pearl Harbour, e Lee Iacocca em 1982 na Assembléia Geral da Chrysler.
A turma fica super silenciosa, apenas ouve-se do fundo da sala:
- Acho que vou vomitar.
A professora grita: - Quem foi?
E Suzuki:
- George Bush (pai) ao Primeiro-Ministro Tanaka durante um almoço, em Tókio, em 1991.
Um dos alunos grita:- Chupa o meu pau!
E a professora irritada! Acabou-se! - Quem foi agora?
E Suzuki, sem hesitações:
- Bill Clinton à Mônica Lewinsky, na Sala Oval da Casa Branca, em Washington, em 1997.
E outro aluno se levanta e grita:- Suzuki é uma merda!
E Suzuki responde:
- Valentino Rossi no Grande Prêmio de Moto no Rio de Janeiro em 2002.
A turma fica histérica, a professora desmaia, a porta se abre e entra o diretor, que diz: - Que merda é essa, nunca vi uma confusão destas!
Suzuki: - Lula para o ministro da Aeronáutica, a respeito do caos aéreo em Dez/2006, Brasília.
E outro aluno, num sussurro que ecoou:- Ihhh... agora fodeu de vez!
Suzuki: - Lula de novo, após a queda do avião da TAM.
O diretor fica estarrecido com a petulância do japonês e da euforia da turma e diz:

- Cambada de viadinhos filhos das putas, vocês têm que virar homens de verdade!
Suzuki: - Hélio dos Anjos, técnico do Sport, depois de perder o campeonato pernambucano de 2011 pro Santa Cruz.



Êta japonesinho foda!