No final da década de 80 o Brasil passava por um desdobramento político construído pelos movimentos sociais que seria o fim da Ditadura Militar e a (re)inauguração da democracia brasileira. Em Pernambuco, não muito diferente, que fora um dos palcos mais importantes das lutas, existia uma candidatura de cunho social e da classe média, beirando, até, as classes mais altas: a caravana da esperança de Miguel Arraes.
Vindo do exílio, com uma construção simbólica do chapéu de palha, uniu Pernambuco em um único campo, a fim de ganhar aquele pleito. Ganhou, fez o governo e em 1997 perde para Jarbas Vasconcelos.
Esse breve introito, aparentemente, expõem dois campos: o da esquerda com Miguel Arraes e a direita com Jarbas Vasconcelos. Não diferente de 2006, quando Eduardo Campos concorreu contra Mendonça Filho e ganhou para o Governo de Pernambuco. No entanto, fisiologicamente, Eduardo se propunha de esquerda.
A esperança que surgiu no final dos anos 80, ressurge com Eduardo para um bom processo de Governo e, aos poucos, vai enveredando para a direita.
Durante todo seu governo, e até hoje, o Governador Eduardo Campos não se intimidou em revelar o seu desejo de um programa nacional. E em Pernambuco construiu sua coalizão com os mais diversos caciques, e assim, atrelando mais de 80% das prefeituras de Pernambuco. Adesão maciça das Prefeituras, uma ALEPE sem oposição, o trator do Palácio das Princesas passa por Pernambuco.
No campo da Educação, que qualifico um pífio rendimento, utiliza-se dos modelos de Escolas Integrais, bem diferentes dos modelos lançados por Anísio Teixeira, para popularizar-se ainda mais. Muitas vezes sem estrutura, o professor, sem PISO, é pressionado por metas. Na única Universidade Estadual, a UPE, a situação é caótica: campus que faltam energia, aulas que acontecem sem o mínimo de estrutura, sem acessibilidade, espaços de interação e falta de professores. Sem as devidas preocupações com a Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) a UPE ainda sobrevive com um único Doutorado da Faculdade de Odontologia.
Os movimentos sociais, sindicatos, movimentos juvenis e afins desmobilizados ou cooptados pelo mito de Eduardo. 84 % de aprovação separa a realidade para a construção mitológica criada desde finais dos anos 80 com os dias atuais.
A década de 80 relembrada, governo na casa sempre dos 80% e duas vezes 40, um Pernambuco travestido de mitos da política, uma saúde sendo privatizada aos poucos, setores importantes da COMPESA também e uma crítica, acrítica.
Virar a esquerda com um projeto de Governo Popular é necessário. Colocar-se como alternativa, nós do PT e particularmente da Articulação de Esquerda, é objetivar nossos anseios por um Pernambuco de Agricultura Familiar, Reforma Urbana, sustentabilidade, acessos a direitos primordiais e essenciais, fortalecendo o Estado.
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