Em meio de tantas mobilizações e adesão perante alguns
movimentos grevistas, resolvi escrever um pouco sobre a relação da ANDES na
construção de uma Universidade mais progressiva no Brasil.
A ANDES[1]
configurou no inicio dos anos 80 um importante caracterização na resistência
perante ao modelo engessado e regulatório adotado pelo MEC em relação a
avaliação da educação superior. Em 1981, um debate sobre avaliação do ensino
superior desemborca em um padrão único de
qualidade para as universidades[2],
tal debate foi defendido nos anos 80 e anos seguintes.
Nesse contexto, o ‘padrão
único’ não é construído a partir de um único pensamento de Universidade,
maculando questões regionais e afins, ao contrário, haveria a defesa dessas
diferenciações regionais, no entanto alavancaria o nível do ensino superior no
país.
A Instituição Social
aspira à universalidade. A organização social sabe que sua eficácia e seu
sucesso dependem de sua particularidade. Isso significa que a instituição tem a
sociedade como seu princípio e sua referência normativa e valorativa, enquanto
a organização tem a si mesma como referência (Chaui, 2003). Neste contexto, a
Universidade é uma instituição de interesse público e deve assumir compromissos
sociais com a população no seu tripé: Ensino, Pesquisa e Extensão. Portanto, a
construção de um padrão único de
qualidade às Universidades Públicas devem ser pautadas no aumento da sua autonomia, liberdade e democracia, sendo papel
irrenunciável do Estado dotar as instituições universitárias com recursos
necessários ao cumprimento destes pressupostos (ZAINKO&COELHO,
2009).
Já no final dos anos 80,
no II Seminário Nacional, promovido pela ANDES, já se manifestava contra a
proposta do governo:
A ‘proposta’ do governo é a proposta de
controle e legitimação da ótica do capital. Sua preocupação vai além da
rentabilidade do investimento. Há um fantástico deslocamento do espaço
universitário sob a ótica do ensino. (...) Temos que enfrentar esse
deslocamento, essa concepção segundo a qual a Educação é uma mercadoria.
Diferentemente da
Organização Social que está voltada ao capital (Universidades corporativas), a
Instituição Social tem um papel fundamental na sociedade como bem argumenta o
documento do Sindicato.
Posteriormente, o Governo
Collor é marcado pela deterioração do Ensino Público. Imerso na lógica do Neoliberalismo,
as diretrizes internacionais amparam-se em uma concepção de Estado que
crescentemente desresponsabilize-se de sua função de fornecedor dos serviços
sociais e amplie sua presença como regulador, avaliador e controlador destes
serviços, em função da lógica gerencialista e eficienticista do mercado
(Sguissardi, 2003).
Após impeachment de Collor, a lógica entre Governo e Universidade muda,
pois, Franco acredita que a educação é compreendida como o eixo básico da
estratégia social. Foi diante desse quadro que houve um destensionamento entre
Sindicato/Universidade com o Governo.
Uma avaliação nas mãos da comunidade acadêmica e
a educação tomada como um bem público, sem cair numa padronização
empobrecedora, e na construção de práticas avaliativa que seja participativas,
contínuas e sistemáticas, afinadas com o debate público e com a função social
da educação superior, só assim, vamos avançar numa Universidade para sociedade
como Instituição Social.
[1]
ANDES significa Associação Nacional dos Docentes da Educação Superior.
[2]
Pode ser encontrado alguns comentários em http://portal.andes.org.br/imprensa/publicacoes/imp-pub-1113956493.pdf
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