Esta opinião, emitida pelo comentarista João Bosco Rabello, de O Estado de S. Paulo no próprio dia da divulgação da pesquisa, é até agora a melhor indicação do sentido da candidatura de Marina Silva e do senhor ao qual ela serve. E explica o "encantamento" da mídia conservadora com esta candidata louvada, nas páginas de jornais e revistas que não disfarçam seu apoio ao candidato tucano, justamente por sua "origem pobre", por ser mulher, negra, ambientalista e outras qualificações que vão se sucedendo para manter seu nome à tona.
O papel de Marina Silva, repetindo o de Heloisa Helena em 2006, é o de empurrar a eleição para o segundo turno e tirar votos de Dilma Rousseff, aplainando o caminho para a volta dos tucanos, neoliberais e conservadores ao Palácio do Planalto.
Não vai ser fácil. Até porque a campanha ainda nem começou na televisão, que é o meio pela qual ela chega às multidões. E lá, à medida em que Marina for alinhando os mesmos argumentos que vem desfiando pela mídia, seu papel de força auxiliar da direita ficará claro.
Ela tem opiniões anti-desenvolvimentistas. Basta conferir o que ela tem dito. Ela tem, por exemplo, uma opinião conservadora sobre a política do BNDES de financiar o fortalecimento das empresas brasileiras com empréstimos a juros baixos, esquecendo que este é justamente o papel de um banco de fomento do desenvolvimento . Ataca as mudanças propostas para o Código Florestal a partir dos argumentos dos ambientalistas mais radicais considera aquela proposta como "o maior retrocesso na história da legislação ambiental brasileira". Ela diz que a defesa ambiental "é o grande debate do século XXI" mas falseia o verdadeiro grande tema, que é a combinação sustentável de desenvolvimento e preservação da natureza. Apega-se à teoria de que o avanço da economia pode acabar com o planeta. Entra em contradição ao defender o biocombustível com alternativa energética, quando esta opção é atacada por muitos ambientalistas por fortalecer a monocultura de cana e comprometer a produção de alimentos. Entra em contradição também quando se manifesta contra a criação de escolas técnicas ("boa parte dos alunos não quer ir para essas escolas", disse para a revista Veja) mas defende o ensino profissionalizante como parte de "um plano concreto de saída do programa" Bolsa Família, defende o estado mínimo e rotula os políticos de "fisiológicos", declarações que soam como música em ouvidos conservadores.
Será uma engenharia de marketing difícil para Marina apresentar-se como progressista e avançada, marcada com a sombra dos tucanos e do atraso e não com o brilho do futuro. A difusão desse discurso, alheio a um projeto nacional de desenvolvimento, vai derrubar o biombo que tenta esconder o caráter de sua candidatura, e revelar a candidata do Partido Verde como aliada objetiva do conservadorismo representado pelo candidato oposicionista José Serra, e não um apelo ao futuro que conserve os ganhos do governo Lula e avance numa rota de desenvolvimento mais profundo e benéfico para os brasileiros.
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