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Dois dias depois de aparecer, pela primeira vez, na liderança de uma pesquisa sobre a corrida presidencial de 2010, a ex-ministra Dilma Rousseff demonstrou firmeza e desenvoltura ao ser entrevistada, na manhã de 17 de maio de 2010, pela rádio CBN, das Organizações Globo. Foi um dos melhores desempenhos de Dilma na mídia desde o anúncio, em fevereiro, de sua pré-candidatura à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mediada pelo jornalista Heródoto Barbeiro, a entrevista começou em meio à repercussão do acordo nuclear firmado entre Brasil, Irã e Turquia na noite de domingo (16). Apesar da descrença da comunidade internacional, Lula, tachado como ingênuo pelo jornal The New York Times, liderou um dos mais exemplares êxitos na história da diplomacia brasileira.
Na opinião de Dilma, o Brasil marcou um gol no Oriente Médio. Segundo ela, foi a vitória de uma política externa de diálogo, pró-paz, que tenta construir um mundo melhor. A pré-candidata disse que o acordo valorizou a disposição do governo Lula de instaurar um outro clima de negociação e credenciou ainda mais o presidente brasileiro como líder internacional.
Questionada sobre os impactos do acordo numa eventual indicação de Lula para secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Dilma disse tratar-se do tipo de pergunta que tem de ser feita para ele — mas ponderou que o presidente tem vínculos fortes com o Brasil. Por outro lado, ressaltou que a diplomacia brasileira, sob o atual governo, deixou marcas fortíssimas nos negócios internacionais.
Dilma destacou o empenho bem-sucedido de Lula na construção do G20, no combate à megacrise financeira, na Conferência Internacional do Clima em Copenhagen e no estreitamento de laços diplomáticos na América Latina e na África. Reafirmou também a corajosa postura do Brasil em relação a Honduras, declarando que, por questões de princípios, Lula acertou ao não reconhecer o atual governo hondurenho, eleito depois de um golpe de Estado contra o presidente Manuel Zelaya.
As perguntas mais provocadoras e preconceituosas da entrevista ficaram a cargo da dupla Lucia Hippolito e Míriam Leitão. Porta-vozes mais desabridas dos interesses do mercado, as jornalistas tentaram em vão emparedar Dilma, que respondeu a ambas à altura — e ainda pôs Leitão em seu devido (e irrelevante) lugar.
Depois de acusar o governo Lula de terceirizar e esvaziar as agências reguladoras, Hippolito indagou sobre o papel do Estado na economia. Dilma, diplomaticamente, redarguiu que as agências cumprem a exata função a que se destinam — regular setores da economia —, não substituindo os ministérios na finalidade de planejar. O Estado tem de agir onde há falha de mercado, como concentração de redes.
Desmentindo Hippolito, Dilma afirmou que o conjunto das agências reguladoras se tornou mais ágil, forte, moderno e eficiente, sobretudo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e a ANP (Agência Nacional do Petróleo). Agregou que indicações políticas para ocupar os cargos nas agências são comuns até nos Estados Unidos e não necessariamente levam à nomeação de pessoas incapazes, sem preparo técnico. Defendeu, ainda, concursos públicos para o preenchimento de vagas, de modo a revitalizar as agências e construir um Estado meritocrático e eficiente.
Míriam Leitão saiu em apaixonada defesa do conservadorismo do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que, segundo a jornalista, foi atropelado por Dilma. Para Leitão, as medidas ortodoxas que Palocci propôs para estabilizar a moeda foram inicialmente criticadas, mas depois acatadas, pela ex-ministra.
Dilma disse que integrou a justa orçamentária do governo desde 2005 e que, por consequencia, foi tão responsável quanto Palocci pelos rumos da economia brasileira. Todas as mudanças de cortes de gastos de 2005 para cá foram aprovadas com o meu acordo, explicou Dilma a uma mal-humorada Miriam Leitão, que interrompia a toda hora a entrevistada. Me desculpe, Mirian, você está falando uma coisa que não é correta. Você está equivocada no que se refere a números, reagiu Dilma.
Mais raivosa depois do pito, Leitão voltou a se fiar na ortodoxia e disse que Dilma é que estava errada quando atropelou o ministro Palocci. Ao que Dilma respondeu: É você, Mirian, que está errada no conceito. Não se pode discutir dívida pública sem dizer por que ela cresceu. Nossa dívida não é igual à da Grécia, que está quebrando. O Brasil está crescendo. A ex-ministra ainda disse que a pergunta de Mirian era descabia e extemporânea: Você está pegando uma discussão de 2005. Fomos interrompidos pela crise.
Na opinião de Dilma, o Brasil marcou um gol no Oriente Médio. Segundo ela, foi a vitória de uma política externa de diálogo, pró-paz, que tenta construir um mundo melhor. A pré-candidata disse que o acordo valorizou a disposição do governo Lula de instaurar um outro clima de negociação e credenciou ainda mais o presidente brasileiro como líder internacional.
Questionada sobre os impactos do acordo numa eventual indicação de Lula para secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Dilma disse tratar-se do tipo de pergunta que tem de ser feita para ele — mas ponderou que o presidente tem vínculos fortes com o Brasil. Por outro lado, ressaltou que a diplomacia brasileira, sob o atual governo, deixou marcas fortíssimas nos negócios internacionais.
Dilma destacou o empenho bem-sucedido de Lula na construção do G20, no combate à megacrise financeira, na Conferência Internacional do Clima em Copenhagen e no estreitamento de laços diplomáticos na América Latina e na África. Reafirmou também a corajosa postura do Brasil em relação a Honduras, declarando que, por questões de princípios, Lula acertou ao não reconhecer o atual governo hondurenho, eleito depois de um golpe de Estado contra o presidente Manuel Zelaya.
As perguntas mais provocadoras e preconceituosas da entrevista ficaram a cargo da dupla Lucia Hippolito e Míriam Leitão. Porta-vozes mais desabridas dos interesses do mercado, as jornalistas tentaram em vão emparedar Dilma, que respondeu a ambas à altura — e ainda pôs Leitão em seu devido (e irrelevante) lugar.
Depois de acusar o governo Lula de terceirizar e esvaziar as agências reguladoras, Hippolito indagou sobre o papel do Estado na economia. Dilma, diplomaticamente, redarguiu que as agências cumprem a exata função a que se destinam — regular setores da economia —, não substituindo os ministérios na finalidade de planejar. O Estado tem de agir onde há falha de mercado, como concentração de redes.
Desmentindo Hippolito, Dilma afirmou que o conjunto das agências reguladoras se tornou mais ágil, forte, moderno e eficiente, sobretudo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e a ANP (Agência Nacional do Petróleo). Agregou que indicações políticas para ocupar os cargos nas agências são comuns até nos Estados Unidos e não necessariamente levam à nomeação de pessoas incapazes, sem preparo técnico. Defendeu, ainda, concursos públicos para o preenchimento de vagas, de modo a revitalizar as agências e construir um Estado meritocrático e eficiente.
Míriam Leitão saiu em apaixonada defesa do conservadorismo do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que, segundo a jornalista, foi atropelado por Dilma. Para Leitão, as medidas ortodoxas que Palocci propôs para estabilizar a moeda foram inicialmente criticadas, mas depois acatadas, pela ex-ministra.
Dilma disse que integrou a justa orçamentária do governo desde 2005 e que, por consequencia, foi tão responsável quanto Palocci pelos rumos da economia brasileira. Todas as mudanças de cortes de gastos de 2005 para cá foram aprovadas com o meu acordo, explicou Dilma a uma mal-humorada Miriam Leitão, que interrompia a toda hora a entrevistada. Me desculpe, Mirian, você está falando uma coisa que não é correta. Você está equivocada no que se refere a números, reagiu Dilma.
Mais raivosa depois do pito, Leitão voltou a se fiar na ortodoxia e disse que Dilma é que estava errada quando atropelou o ministro Palocci. Ao que Dilma respondeu: É você, Mirian, que está errada no conceito. Não se pode discutir dívida pública sem dizer por que ela cresceu. Nossa dívida não é igual à da Grécia, que está quebrando. O Brasil está crescendo. A ex-ministra ainda disse que a pergunta de Mirian era descabia e extemporânea: Você está pegando uma discussão de 2005. Fomos interrompidos pela crise.
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