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quinta-feira

#BlogNemComento - UPE e FFPNM: um breve comentário do que vi e vivi.


Filhos do caldeirão
Herdeiros do fim do mundo
Queimai vossa história tão mal contada

(Cordel do Fogo Encantado)

Breve intróito

A Universidade de Pernambuco vive o seu martírio causado pelas contradições as quais está submetida. Desde a sua constituição em 1991, a UPE sofre com a falta de investimentos e com a deterioração do seu patrimônio material e humano, tendo um quadro de funcionários insuficiente e uma estrutura inadequada ou em alguns casos inexistentes para o funcionamento dos cursos oferecidos, tendo sua situação agravada, principalmente após a investida neoliberal do Governo Jarbas/Mendonça, com a tentativa de privatização ocorrida no fim da década de 1990.

Com a vitória de Eduardo Campos, a UPE viveu a esperança de ter uma nova relação com o estado, como outrora no Governo Miguel Arraes. Esperança que foi desaparecendo aos poucos diante das dificuldades apresentadas pela própria Universidade, que além de cuidar do ensino, tem que enfrentar a dura realidade de administrar três hospitais escassos de recursos e de financiamento público.

A Universidade de Pernambuco tem um importante papel a cumprir, como um verdadeiro instrumento de transformação social, capaz de articular junto aos nossos governantes, ações estruturadoras necessárias para alavancar o desenvolvimento socioeconômico do nosso Estado.

O Movimento Estudantil precisa estar mobilizado e fazer o enfrentamento necessário para defender a autonomia da UPE, demonstrando ampla capacidade de contribuir com uma universidade que seja capaz de transformar a realidade da sociedade, e assim, que qualquer gestão de movimento estudantil faça valer a luta pela AUTONOMIA com as estâncias sindicais da UPE.

Dito isto, mostro em poucas palavras uma pequena analise de conjuntura[1] que deveria ser o norte e a base de qualquer debate dentro da UPE e conseqüentemente Faculdade de Formação de Professores de Nazaré da Mata - FFPNM -, mas, dentro dos discursos, dos discentes, não percebi e não ouvi nada que fosse semelhante ao mesmo.

Para ter revolução[2], precisa-se de idéias revolucionárias

Hoje, as 20:43 em Nazaré da Mata, deu início a cerimônia de posse do Diretório Acadêmico Gregório Bezerra (DAGB) e dos Centros Acadêmicos dos cursos: História, Letras, Matemática, Biologia e Pedagogia.[3] Nesta reunião estavam presentes discentes e alguns docentes, no caso o Professor Doutor, e Diretor do Campus Nazaré da Mata, Luis Alberto.

Ao colocar aqui a questão de que a analise de conjuntura da realidade social quero afirmar que para construir uma perspectiva de transformação, que seja capaz de orientar nossa prática social, deveríamos nos questionar inicialmente sobre o significado deste clima de desencanto, desesperança e cansaço que perpassa alguns de nós na sociedade brasileira nestes anos da chamada transição democrática e agora mais recentemente “Brasil Novo”.

A sensação de que, como cidadãos, “a gente somos inúteis”, as agruras de acompanhar o lento e angustiado tempo de se forjar Constituições, que todos queríamos democráticas, para logo depois vê-las torpedeadas; a experiência de sofrer impactos cotidianos de uma política de arrocho salarial, dos efeitos do desemprego; o enfrentamento de uma política de combate à inflação, que não conseguimos dominar e nem mais compreender; o descrédito para alguns de qualquer plano ou medida que se nos apresentem como possibilidade de melhoria e tantos outros sinais e sintomas cruéis de uma época de crise, estão a nos colocar diante do que se tem configurado e nomeado como a crise da modernidade ou do rompimento da utopia moderna, enquanto para outros se trata ainda, de tudo fazer em nome de um Brasil Moderno. Ao erigir a razão como elemento definidor da organização social e transformá-la em instrumento de poder, o capitalismo acabou por domesticar os homens e suas consciências, conduzindo a inúmeras formas de disciplinarização e de tirania política, visíveis nas instituições, mas também presentes no dia-a-dia, nos valores, nos hábitos e outras formas de governo das pessoas.

Sobre Movimento Estudantil

Os movimentos sociais, em geral, discutem intensamente acerca do refluxo no qual vivem desde a década de 90. Não só os movimentos, como também os partidos e outros grupos políticos, identificam que seus representados discutem cada vez menos a importância das entidades representativas que dirigem.

No movimento estudantil, mais especificamente, os sintomas desse problema são claramente observados por uma menor agregação das mobilizações e na dificuldade de renovação que o movimento vem demonstrando, já que o ME tem a característica de transitoriedade rápida de seus militantes (a média de atuação gira em torno de 4 a 6 anos).

Essa crise, de legitimidade e representatividade, acarreta na não identificação do conjunto dos estudantes com as bandeiras e posicionamentos defendidos pelo movimento, gerando um afastamento. Mas por que se dá essa crise?

Alguns poderiam afirmar que se deve a uma situação conjuntural, que o ME só foi protagonista, devido à maior repressão sofrida pelos outros movimentos durante a ditadura militar, e que a tendência agora é o movimento estudantil ficar limitado apenas em suas pautas específicas. Isso poderia ser considerado verdade, se o fenômeno não se desse em outros campos representativos, como ocorre com a falta de credibilidade que a população tem em relação aos governos, ou os trabalhadores em relação aos seus sindicatos e até mesmo o preconceito da sociedade pelos movimentos sociais, em especial, os agrários.

Outros ainda diriam que a burocratização e o aparelhamento das entidades representativas (como UNE, UEP) pelas atuais direções, seriam os motivos centrais das mesmas estarem desacreditadas. Apesar da real contribuição que esses fatos dão ao descrédito dos estudantes em relação às entidades, não são os únicos responsáveis por essa situação.

Outro fator importante a ser considerado é o vício cada vez mais comum nos grupos de movimento estudantil: a manutenção da distância entre as entidades e os estudantes. A ausência de poder de decisão na vida cotidiana de seus representados transforma o movimento estudantil em um movimento encastelado. A democracia representativa faz com que o setor estudantil ache as decisões políticas competência exclusiva dos que foram eleitos para tal, e os militantes não conhecem a fundo os anseios específicos dos estudantes, criando assim um ciclo de descredibilidade entre o a base dos estudantes e o próprio movimento. De quem é a culpa? Dos estudantes desinteressados? Do sistema capitalista? Ou do movimento, que nada faz para mudar o quadro?

Apesar do sistema capitalista ser um fardo para aqueles que buscam a transformação social a partir dos movimentos, o modelo de representação que temos no movimento se demonstra cada vez mais defasado. Precisamos de maior interação entre movimento e estudantes, precisamos assumir uma postura cada vez menos iluminada, elaborando instrumentos para a participação dos estudantes nos fóruns de decisões das entidades, revelando aos estudantes que, os rumos que se darão às entidades são de competência e responsabilidade deles, primordialmente, e que o movimento se trata apenas de um facilitador e estimulador dos debates que serão travados pela comunidade discente.

A partir de uma aplicação efetiva da democracia participativa, nas instâncias das entidades de base, o movimento estudantil terá a oportunidade de despertar o interesse de uma maior quantidade dos estudantes para a participação política na universidade, contornando o atual refluxo com idéias vindas diretamente das condições reais e não a partir de leituras atrasadas do quadro da universidade, freqüentemente adotados pelos movimentos essencialmente vanguardistas, que se sentem à frente de seu tempo.

A criação de instrumentos de participação democrática pode de certa forma, revolucionar por inteiro a dinâmica atual de se promover as políticas estudantis, tanto pelas entidades como pelas próprias forças do movimento estudantil, possibilitando um debate mais amplo e de qualidade.

UPE e FFPNM com papéis fundamentais para a sociedade

Dentro de tudo que foi escrito, ressalto o poder que deveria ter a UPE e FFPNM nas políticas públicas de Educação e nos debates perspicazes da atualidade. Sem investimentos nos que constituem a Universidade[4], estamos estagnados em, ainda, por falta de materiais de infra-estrutura, mesmo sabendo que há um grande empenho da Direção da FFPNM para a melhora.

Mesmo escassos os investimentos, precisamos fazer valer o pouco que temos e investir ao invés de gastar. Utilizar espaços de debates para ser a culminância e fortalecer cada vez mais a tão dita comunhão entre cursos, mas, eu vou além: transdisciplinaridade.[5]

Que a UPE-FFPNM faça valer o tripé, ensino-pesquisa-extensão, e o ME antes de qualquer ação pense nas palavras de Lenin: ‘Se erramos a analise de conjuntura, erraremos na ação. Mas, se acertamos na analise, até poderemos errar a ação, no entanto, estaremos mais propensos a acertar nossa ação revolucionária’.



[1] Atribuo a analise de conjuntura como fator primordial de qualquer debate, pois, embasa historicamente, teoricamente e humanamente as questões sociais e técnicas da sociedade.

[2] Revolução no sentido de auto alterar-se, e assim, mudar como sujeito e a sociedade.

[3] O curso de Geografia ainda fará uma assembléia para organizar uma eleição, pois, a gestão findou no dia 14/04/2011.

[4] Servidores, Docentes e Discentes.

[5] Ver Edgar Morin.

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