É o que eu penso.
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Por Marcelo Mário de Melo*
Plebeu, republicano, democrata popular, cidadão de esquerda, pluralista, socialista e seguidor do Detran (sempre à esquerda, não ultrapasse pela direita), não me aproximo das representações de direita e centro-direita. Não me inclino aos chamamentos pretensamente “mais à esquerda”, de agremiações marcadas pelo espírito de seita, o ritualismo e a retórica, desenraizadas e pródigas em performances ao ar livre e cerimônias de recinto fechado, refletindo-se em jogos de espelhos e respirando o oxigênio das próprias palavras. E tenho clareza sobre o caráter real de centro esquerda, com graus variados de moderação, de 99,9% das articulações e dos partidos que, no Brasil, se autodenominam como “de esquerda”. Incluindo-se aí o PT, do qual sou fundador e filiado.
A partir daí, procurando colocar em primeiro plano os interesses dos trabalhadores, dos pobres e dos excluídos, e seguindo o lema dê voto sem ser devoto, tenho me posicionado nas campanhas eleitorais. Alinhando-me àqueles projetos que, mesmo com limitações, abrem mais espaços políticos e oportunidades materiais àqueles segmentos. Considerando as disputas eleitorais mais recentes - engajei-me nas quatro campanhas de Lula a presidente. Nas campanhas a governador de Miguel Arraes, Humberto Costa (primeiro turno) e Eduardo Campos (segundo turno). Defendendo João Paulo e João da Costa para a Prefeitura do Recife.
Comprometi-me com a candidaturas de Dilma Roussef à presidência e Eduardo Campos ao governo do Estado de Pernambuco. Encerrada no PT a disputa pela indicação ao senado, decidi votar em João Paulo para deputado federal e lhe dei de presente o slogan – o federal de Pernambuco. Quanto ao senado, preparei-me para votar em Humberto Costa e Armando Monteiro. Na expectativa de ver se repetir a façanha de Arraes nas eleições de 86, que conseguiu se eleger, juntamente com os dois senadores, Mansueto de Lavor e Antônio Farias.
Mas de repente, me caiu a ficha. Votando em Humberto para senador, caso ele se afaste do mandato por qualquer razão, assumirá a cadeira o suplente Joaquim Francisco, que tem na sua biografia política a condição de testemunha de acusação de Eneida Melo Correia de Araujo, desembargadora e atual presidente do Tribunal da Justiça do Trabalho em Pernambuco, quando ré de inquérito policialesco regido pelo Decreto 477, que rolou na Faculdade de Direito do Recife a partir de 1968, nos tempos da ditadura. Eneida teve os seus direitos estudantis cassados por três anos, fazendo companhia a inúmeros outros colegas de diversas áreas, a exemplo de Marcelo Santa Cruz, José Paulo Cavalcanti Filho e Luciano Siqueira.
Participei da campanha de Humberto Costa a governador, no primeiro turno. Comemorei a sua absolvição por unanimidade, no processo dos sanguessugas, expediente que lhe impediu a ida para o segundo turno, naquele momento. Dirigia-me à confraternização em sua homenagem, no Clube Líbano, quando tive um pequeno acidente de trânsito que me impediu de chegar lá. Agora, o impulso de votar nele foi quebrado pela presença do seu suplente.
Não será pela ausência do meu voto que Humberto Costa deixará de ser eleito. Mas o fato é que, nas circunstâncias atuais, não dá para votar nele. “Não posso. É impossível. Não posso”, pontificou o poeta Vinícius de Morais. Não voto, de jeito nenhum, em político que tenha histórico de envolvimento com tortura, dedoduragem ou delação. Ou que tenha assumido posição nitidamente antitrabalhador. Tudo na vida tem limite. E este é o meu limite de flexibilidade eleitoral. A tática não pode ser a carcereira da verdade histórica. “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, já disse Caetano Velozo.
*Marcelo Mário de Melo é jornalista e escritor
sábado
Não votarei em Humberto Costa...
Postado por
Michel Chaves
às
18:38
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3 falações!:
POIS, EU NÃO VOTO EM JOÃO PAULO
Marcelo Mário de Melo, até acreditaria em seu comentário e poderia até considerá-lo sincero (apesar de discordar, pois tenho certeza que Humberto irá assumir ao Senado e sei que precisamos de pessoas íntegras por lá), entretanto eu sei que seu objetivo aqui é exclusivamente diminuir a força que a campanha de Humberto ganha nas ruas e tentar eleger João Paulo com mais votos do que ele. Conheço você há muito tempo e sei que estás totalmente ao lado de João Paulo, para o bem ou para o mal. E, neste caso, para o mal. Uma pena!!!
Pois, se você não vota em Humberto, saiba que eu não voto (NUNCA MAIS) em João Paulo. As artimanhas e articulações que este político, um cara que sempre respeitei e que adorei a sua gestão, está tentando fazer para diminuir os seus adversários (DE MESMO PARTIDO E DE MESMO IDEAIS) são de um ditador, hipócrita, que só pensa no próprio umbigo (em detrimento das pessoas que mais precisam).
Como pode, me diga, depois de deixar a Prefeitura do Recife, João Paulo querer continuar a governar as custas do sucessor que ele mesmo elegeu? E depois ainda ter a cara-de-pau de chamá-lo de traidor porque ele não permite os desvios que aconteciam para garantir as mordomias da corja que o acompanha? PERGUNTO: DE ONDE VEM O DINHEIRO QUE JOÃO PAULO ESTÁ GASTANDO NA CAMPANHA PARA DEPUTADO FEDERAL? COMO ELE TEM DINHEIRO PARA CONTRATAR DUDA MENDONÇA, UM DOS MARQUETEIROS MAIS CAROS DO PAÍS?
É óbvio que este seu comentário, feito a pedido do próprio João Paulo, faz parte das tentativas dele de diminuir os adversários, assim como é óbvio que a saída de Karla Menezes (QUE MUITAS VEZES FICOU DE BRAÇOS CRUZADOS PARA ATRAPALHAR A GESTÃO DE JOÃO DA COSTA) foi uma manobra para tentar ofuscar a força política que João da Costa começa a ganhar nestas eleições (ficando cada vez mais ao lado de Eduardo, Armando e Humberto). Uma pena, Marcelo. Realmente, uma pena.
João Paulo, só tenho a dizer que você perdeu meu voto porque mentiu sobre ser ministro de Lula; porque mentiu sobre ser o preferido para o Senado (e tentou ganhar a vaga no grito); porque deixou o governo de Eduardo da pior maneira possível (politicamente ele nem deveria subir mais no mesmo palanque que você); porque está tentando, a cada dia, destruir o cara que você ajudou a eleger (apenas porque ele não queria mais participar de sua quadrilha); porque pediu para Marcelo, entre outras coisas, escrever este texto; e porque você acha que política se faz apenas no grito (sem ouvir aliados e o próprio povo). Enfim, boa sorte companheiro, mas MEU VOTO você não terá nunca mais.
Pedro Nascimento
Que fique claro que eu não sou Marcelo Mário de Melo.
Um observador desavisado consideraria “lindas” todas as qualidades que o senhor Marcelo Mário Melo afirma possuir: republicano, plebeu, democrata popular, pluralista e seguidor do Detran (que criativo!). O próprio Sócrates, tido como o modelo do cidadão virtuoso na Grécia clássica, sentiria inveja de tanta perfeição num só indivíduo, o nosso querido Marcelo Mário Melo, recifense, escritor e jornalista. Mas, um observador avisado, sabedor de que tão virtuoso polites (o termo grego para “cidadão”) é o marido da assessora de imprensa de João Paulo Lima e Silva, logo veria, no auto-elogio desbragado, associado aos ataques à candidatura de Humberto Costa, uma intenção camuflada: a de dar vazão às frustrações do chefe de sua consorte.
No blog de Michel Chaves, alguém, antes de mim, já analisou João Paulo como ditador e oportunista e faço minhas as suas palavras. Sabem quem seria o suplente do ex-prefeito, caso as suas táticas desagregadoras tivessem dado certo? Ninguém menos que José Janguiê, que certamente entraria com rios de dinheiro para financiar a campanha e logo, logo, sem qualquer tradição política e sem ter um único voto, assumiria uma cadeira no Senado. João Paulo pretendia concorrer de novo à PCR em 2012 e renunciaria, então, à senatoria; também acenava com um ministério no governo Dilma e Janguiê imediatamente assumiria a vaga! O que o nobre republicano e democrata popular Marcelo pensa disso? E o que falaria sobre a tentativa de “filhotismo”: eleger Jampa deputado a partir do zero e montar uma dinastia em Pernambuco? A tradição do “filhotismo” já foi denunciada e acerbamente criticada pelo pessoal do blog Acerto de Contas. Leia-o
, senhor Marcelo!
Um observador avisado reconhecerá, na conduta do pluralista Marcelo Mário Melo, os ecos de outro destacado pluralista do passado, o incansável Inquisidor-Mor da Espanha, Tomás Torquemada, o qual, com a mesma fúria heregicida do tolerante Marcelo, promoveu mais de 2.200 autos-de-fé. Pobre Humberto Costa associado ao herege Joaquim Francisco: condenado à fogueira pelo excelso democrata popular Marcelo Mário Melo, fiel seguidor do Detran, Humberto arderá na lenha redentora de João Paulo, de seus seguidores e assessores de imprensa frustrados.
Senhor Mário, leia no Diário de Pernambuco do domingo, 08/08, a notícia sobre o mútuo enfraquecimento de João da Costa e de João Paulo, uma conseqüência, sem dúvida, da imprudência e do egoísmo do ex-prefeito. Contra tudo e contra todos, impôs um candidato, ganhou a eleição e, em seguida, indispôs-se com o seu pupilo, a quem queria impor regras e decisões sobre a PCR. João Paulo errou ao subestimar a iniciativa e a capacidade ética de João da Costa. Com tantos erros, só resta a JPLS a via solitária dos jogadores azarados, na companhia de assessores frustrados e de obscuros escritores que possam citar Caetano e Vinícius para encobrir seus propósitos inconfessáveis.
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