Por Luiz Carlos Azenha*
Acabei de assistir à entrevista concedida pelo presidente Lula aos blogueiros sujos.
Gostei das perguntas, de todas as perguntas, inclusives das feitas através do twitter. O presidente tergiversou aqui e ali, não respondeu diretamente à pergunta que tratava do Paulo Lacerda e da Operação Satiagraha e deixou absolutamente claro que sabe exatamente o que a “velha mídia” andou fazendo no verão passado.
Frases dele:
“A raiva deles é que eu não os leio”.
“Sei que durante muito tempo eles torceram para me derrubar”.
“Eu quero saber a quantidade de leviandades, de inverdades que foi dita a meu respeito” [sobre uma futura leitura do que foi publicado].
Achei muito adequada a ponderação que acompanhou a pergunta de Eduardo Guimarães, do Cidadania.
Achei impagável ver o Cloaca no Palácio do Planalto.
Quem diz que a entrevista foi chapa-branca ou não viu a entrevista ou, francamente, é idiota. Leandro Fortes cobrou Lula. Rodrigo Vianna cobrou Lula. Altamiro Borges cobrou Lula. Conceição Oliveira cobrou Lula. Tulio Vianna cobrou Lula. Cloaca cobrou Lula. Infelizmente, devido ao formato, não houve possibilidade de réplicas.
O presidente da República fez duas digressões absolutamente reveladoras, uma delas não provocada pelos entrevistadores: sobre o processo de escolha de juizes do Supremo Tribunal Federal e sobre os seus contatos com o presidente iraniano, Ahmadinejad.
Ou seja, ainda que nem todos os presentes à entrevista fossem jornalistas, conseguiram o que qualquer jornalista quer: informações e ângulos reveladores sobre o presidente da República.
Portanto, a entrevista foi histórica por ser a primeira dada a blogueiros, mas valeu também do ponto-de-vista informativo.
Não é por acaso a ciumeira que notei aqui e ali.
De fato, foi um erro não ter convocado um número maior de mulheres blogueiras. Quem sabe as mulheres não se organizem, agora, para fazer uma entrevista da “turma da luluzinha” com a presidente Dilma.
No mais, eu me senti representado pelos que foram convocados.
Quanto às suposições de que haveria uma “casta” entre os blogueiros, ela é absurda. Vários dos convidados não puderam comparecer à entrevista justamente por não fazerem parte de casta alguma. A grande maioria de nós não ganha um tostão furado na internet; o blog é uma atividade paralela aos compromissos profissionais. No entanto, no Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas o Viomundo comprou uma cota de patrocínio para ajudar a viabilizar a reunião. A intenção era agregar e ajudar gente que, agora, exibe publicamente toda a sua pequenez humana.
PS do Viomundo: A título de esclarecimento, a Conceição Oliveira ganha a vida publicando livros didáticos; a Lemes escreve livros na área de saúde. Eu, Azenha, sou repórter. Todos nós temos filhos, casas ou gatos para cuidar. Todos nós temos uma ou mais pessoas na família com sérios problemas de saúde, que dependem mais ou menos da gente para sobreviver. Em resumo, ninguém aqui precisa ou está em uma ego trip.
*Matéria originalmente publicada no Viomundo
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