Pages

quinta-feira

#BlogNemComento - Como os jornais brasileiros noticiaram o golpe de 1964

Fonte: Blog Geração AI-5 Conheça (clique aqui)


Alguns são tão esfuziantes ao noticiar o início da ditadura no Brasil, que descrevem o golpe num clima carnavalesco com o povo na rua ovacionando os militares numa alegria desmedida. Outros afirmam que o golpe era um desejo do povo brasileiro, pelo bem do Brasil, com ele a paz foi alcançada e que a nação enfim vive dias gloriosos, pois feliz a nação que pode contar com corporações militares de tão altos índices cívicos.

Confiram algumas manchetes, trechos de matérias e editoriais:


"O Brasil já sofreu demasiado com o governo atual. Agora, basta!"
(Correio da Manhã - 31 de Março de 1964)

“Desde ontem se instalou no País a verdadeira legalidade... Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas”
(Editorial do Jornal do Brasil - RJ - 1º de Abril de 1964)

"Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: Saia!"
(Correio da Manhã - 1º de Abril de 1964)

“Golpe? É crime só punível pela deposição pura e simples do presidente. Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada”.

(Jornal do Brasil - 1º de abril de 1964)
"Minas desta vez está conosco"... "dentro de poucas horas, essas forças não serão mais do que uma parcela mínima da incontável legião de brasileiros que anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação jamais se vergará às suas imposições."

(O Estado de São Paulo - 1º de Abril de 1964)

"Dezenas de automóveis trafegaram pelo centro da cidade, tocando suas businas, em sinal de alegria pela vitória da democracia em todo o país. As estações de rádio e televisão, que estavam sob censura, iniciaram suas transmissões normais, pouco depois das 17 horas. Os contingentes de fuzileiros navais que ocupavam as redações de alguns jornais, foram recolhidos aos quartéis. (...) A população de Copacabana saiu às ruas, em verdadeiro carnaval, saudando as tropas do Exército. Chuvas de papéis picados caíam das janelas dos edifícios enquanto o povo dava vazão, nas ruas, ao seu contentamento."
(O Dia - RJ - 2 de Abril de 1964)

“Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus inimigos”

(O Globo - RJ - 2 de Abril de 1964)
“Multidões em júbilo na Praça da Liberdade. Ovacionados o governador do estado e chefes militares. O ponto culminante das comemorações que ontem fizeram em Belo Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela democracia foi, sem dúvida, a concentração popular defronte ao Palácio da Liberdade. Toda área localizada em frente à sede do governo mineiro foi totalmente tomada por enorme multidão, que ali acorreu para festejar o êxito da campanha deflagrada em Minas (...), formando uma das maiores massas humanas já vistas na cidade”

(O Estado de Minas - BH - 2 de abril de 1964)

“Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais”

(O Globo - RJ - 2 de Abril de 1964)
“Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr. João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas. Um dos maiores gatunos que a história brasileira já registrou, o Sr. João Goulart passa outra vez à história, agora também como um dos grandes covardes que ela já conheceu."(Tribuna da Imprensa - RJ - 2 de Abril de 1964)
"Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada. (...) Atendendo aos anseios nacionais de paz, tranqüilidade e progresso, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-a do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal".

(O Globo - 02 de Abril de 1964)

"Lacerda anuncia volta do país à democracia."

(Correio da manhã - 2 de Abril de 1964)
“A paz alcançada. A vitória da causa democrática abre o país a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Não se pode, evidentemente, aceitar que essa perspectiva seja toldada, que os ânimos sejam postos a fogo. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil”


(O Povo - Fortaleza - editorial de 3 de Abril de 1964)
“Ressurge a democracia! Vive a nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente das vinculações políticas simpáticas ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é de essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas que, obedientes a seus chefes, demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições. Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ter a garantia da subversão, a ancora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da nação horrorizada...”


(O Globo - RJ - 4 de Abril de 1964)
"A Revolução democrática antecedeu em um mês a revolução comunista".

(O Globo - RJ - 5 de Abril de 1964)

"Feliz a nação que pode contar com corporações militares de tão altos índices cívicos. (...) Os militares não deverão ensarilhar suas armas antes que emudeçam as vozes da corrupção e da traição à pátria."

(O Estado de Minas - 5 de Abril de 1964)
"Forças Armadas violaram a Constituição para poder salvá-la!"

(Jornal do Brasil - 06 de Abril de 1964 - declaração de Pontes de Miranda)

“Milhares de pessoas compareceram, ontem, às solenidades que marcaram a posse do marechal Humberto Castelo Branco na Presidência da República. (...) O ato de posse do presidente Castelo Branco revestiu-se do mais alto sentido democrático, tal o apoio que obteve”

(Correio Braziliense - Brasília - 16 de Abril de 1964)
“Vibrante manifestação sem precedentes na história de Santa Maria para homenagear as Forças Armadas. Cinquenta mil pessoas na Marcha Cívica do Agradecimento”

(A Razão - Santa Maria - RS - 17 de Abril de 1964)

"Congresso concorda em aprovar Ato Institucional".
(Jornal do Brasil - 09 de Abril de 1964)

“Vive o País, há nove anos, um desses períodos férteis em programas e inspirações, graças à transposição do desejo para a vontade de crescer e afirmar-se. Negue-se tudo a essa revolução brasileira, menos que ela não moveu o País, com o apoio de todas as classes representativas, numa direção que já a destaca entre as nações com parcela maior de responsabilidades”.

(Jornal do Brasil - RJ - editorial de 31 de Março de 1973)
"Participamos da Revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada".

(O Globo - 07 de outubro de 1984 - editorial do jornalista Roberto Marinho, sob o título: Julgamento da Revolução)

0 falações!: