Os partidos que se proclamam revolucionários e seus candidatos
PCO, PSTU, PCB, PSOL têm candidatos próprios nessas eleições e a burguesia os trata, como também a outros candidatos burgueses, como “pequenos”, “nanicos”. Mas, o PT também já foi tratado assim. Essa não é nossa crítica a estes partidos. A nosso ver, a maioria deles é esquerdista (o PSOL é um caso a parte) e estão equivocados em sua tática eleitoral.
Qualquer operário que olhar um pouco por cima o programa dos três partidos, PCO, PCB e PSTU, verá poucas diferenças: todos defendem a reforma agrária, distribuição de terras, estatização dos grandes meios de produção, saúde e educação públicas e de boa qualidade, fim do pagamento da dívida, etc. Então, porque não estão juntos? Um olhar mais atento vê que existem diferenças de avaliação sobre “o que fazer” e “como fazer”. Entretanto, eles estão de acordo no essencial: é necessário avançar rumo ao socialismo e o PT é um partido que leva a política da burguesia.
Porque então avaliamos a política destes partidos como esquerdista? A realidade é fácil de constatar: o PT fez um acordo com os principais partidos burgueses e sacrifica os interesses dos trabalhadores em nome desta aliança. Assim, Lula veta o fim do fator previdenciário, faz de conta que o projeto sobre as 40h de trabalho semanal não é com ele, não decreta a estabilidade no emprego para todo trabalhador. Ao mesmo tempo, a política de “investimentos” do governo privilegia determinados grupos empresariais ao invés de caminhar na direção de re-estatizar a Petrobras, Vale do Rio Doce e estatizar o sistema financeiro e os grandes grupos econômicos na direção do socialismo.
A proposta política de todos estes partidos é então uma só: é necessário construir uma nova “alternativa” para os trabalhadores, um novo “partido” revolucionário que possa fazer a revolução. O PCO é claro neste aspecto: “Nosso partido comparece às eleições para chamar os trabalhadores e a juventude a se mobilizarem, a se organizarem de maneira independente, a construir um verdadeiro partido de trabalhadores, um partido operário, que seja capaz de organizar a luta do conjunto da população.”
O PCB trata desta forma: “O programa que apresentamos se pretende um eixo de lutas contra a ordem burguesa, na perspectiva da formação do Bloco Revolucionário do Proletariado”.
E o PSTU explica: “Infelizmente não foi possível construir uma candidatura unificada da oposição de esquerda, pelas diferenças programáticas existentes. Nessa situação, a candidatura de Zé Maria se propõe a expressar esse conteúdo programático classista e socialista, mais amplo que as fileiras do PSTU.”
Enfim, todos eles pretendem – e é seu direito – fortalecer o seu partido através da participação nas eleições. O problema é que isso passa ao largo da maioria da classe trabalhadora, que continua acreditando em Lula e no PT.
Uma política marxista e revolucionária exige então o óbvio: que Lula rompa com a burguesia e construa um governo socialista dos trabalhadores, para aplicar tudo o que estes partidos levantam! Em outras palavras, contra a coligação, é hora do peão! Essa é a bandeira que levanta a Esquerda Marxista e seus candidatos no interior do PT.
O caso do PSOL
A maior parte dos quadros e militantes do PSOL saiu do PT e estão desiludidos com o partido. Entretanto, ao contrário dos outros partidos esquerdistas, a crítica do PSOL ao PT não se dirige a sua aliança com a burguesia, mas a sua “moral”. Em outras palavras, o PSOL critica o capitalismo por ser “mal”. Assim encontramos no manifesto de lançamento do candidato Plínio (trechos):
É contra a permanência da ESTRUTURA PERVERSA DO CAPITALISMO que o PSOL deve se apresentar como porta voz de um novo projeto de sociedade. Um projeto para o Brasil, de combate aos efeitos perversos das crises em curso Plínio é uma reserva moral e política da esquerda brasileira,
Como se vê, trata-se de uma política de denúncia “moral” do capitalismo, como um “mal”, do qual devemos combater os seus efeitos “perversos”, com um homem que é uma “reserva moral”. É evidente que tal política aproxima-se muito mais da pequena burguesia moralista do que do conjunto da classe trabalhadora que precisa de atendimento de suas reivindicações mais imediatas – terra, trabalho, salário, educação, saúde – e cujas parcelas mais adiantadas entendem que capitalismo sempre rimou com corrupção e para acabar com a corrupção é necessário acabar com o capitalismo.
A esquerda marxista e as eleições de outubro de 2010
”O objetivo imediato dos comunistas é o mesmo que o de todos os demais partidos proletários: constituição dos proletários em classe, derrubada da supremacia burguesa, conquista do poder político pelo proletariado”. (Manifesto Comunista, 1848)
Passados mais de 160 anos, a burguesia continua sendo a classe dominante no mundo e, portanto também no Brasil. As eleições “democráticas” continuam sendo um meio onde geralmente se troca seis por meia dúzia e a burguesia continua mandando. Mas servem também para que os trabalhadores se eduquem enquanto classe, para que flexionem seus músculos na luta pela tomada do poder. Serve para conquistar trincheiras para a luta.
Os trabalhadores elegeram Lula em 2002 e o reelegeram em 2006 com o objetivo de tomar o poder e abrir caminho para conquistar reivindicações, para o socialismo. Em 2002 combatemos pela vitória de Lula contra o PSDB, o PFL/DEM e o PMDB coligados. Rita Camata (PMDB) era vice de Serra.
A coalizão do PT com os partidos burgueses impediu que as reivindicações dos trabalhadores fossem atendidas. Oito anos se passaram e a situação piorou: agora a maioria dos partidos burgueses, inclusive o PMDB está “coligado” ao PT. E, em nome de um “projeto” onde o socialismo é escondido até nos dias de festa, o PT decide apoiar em vários estados governadores de partidos burgueses. Na verdade é um abraço de morte. Esta política conduz à destruição do PT como partido da classe trabalhadora, além da dispersão e desmoralização dos militantes.
O caso mais escandaloso é o Maranhão, onde o PT se construiu contra a oligarquia Sarney e, em nome da “aliança”, a decisão soberana dos delegados foi anulada pela Direção Nacional que sagrou o apoio a Roseana Sarney. Mas esta decisão foi tomada pela cúpula nacional do PT também em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, em Pernambuco, em Alagoas e em outros estados. Desde seu surgimento, esta é a eleição em que o PT tem o menor numero de candidatos a governos estaduais!
Em 2002, o PT teve 23 candidatos a governador. Em 2006, este número foi reduzido para 17 candidatos e finalmente em 2010 o PT tem só 11 candidatos aos governos estaduais.
Nós não temos dúvidas: acreditamos que é necessário votar no PT, no partido que os trabalhadores construíram contra o capital. Existem os esquerdistas que propõe outras candidaturas. É seu direito. Mas a maioria dos trabalhadores e nós juntos com eles queremos uma alternativa para enfrentar e derrotar a direita. Mas não é possível derrotar a direita votando na direita.
A Esquerda Marxista combate pelo rompimento do PT com os partidos burgueses e por um Governo Socialista dos Trabalhadores, que re-estatize o que foi privatizado, que garanta os direitos, a estabilidade no emprego, o fim do fator previdenciário, aposentadoria integral, faça a Reforma Agrária, garanta Educação e Saúde gratuitas e de qualidade, exproprie o grande capital, rompa com o imperialismo e abra caminho para o socialismo. Este, a nosso ver, é o caminho em direção à “conquista do poder político pelo proletariado”.
Votamos PT. Votamos Dilma, PT, contra a burguesia. Mas não votamos nem fazemos campanha para qualquer candidato burguês, independente de haver ou não coligação para governos estaduais ou senado. Junto com nossos companheiros no Maranhão votamos Flavio Dino (PCdoB) e votamos nulo (apertando a tecla 13) em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Alagoas e em todos os estados em que se apresentam apenas candidatos burgueses nas eleições majoritárias.
Votamos nos candidatos a senador do PT, mas não votamos em senadores de partidos burgueses. Com isso estamos ajudando a classe trabalhadora a discernir quem são seus inimigos, a defender a independência de classe, a se reagrupar e continuar a luta pelo socialismo.
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