Dilma Rousseff vai assumir o Brasil “andando a 120 (km) por hora”. E se ela quiser “ela pode apertar um pouquinho o acelerador, chegar a 140, 150”. Tudo isto porque não está com “o carro parado no estacionamento, com a bateria estragada”. A comparação é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após um balanço da economia brasileira nesta sexta-feira para os correspondentes estrangeiros em Brasília. Disse que estão em obras no país três das maiores hidrelétricas, três das maiores ferrovias e quatro das maiores refinarias em construção do mundo. Acentuou que o país tem a perspectiva de se transformar nos próximos seis anos na quinta economia mundial. Confira algumas de suas respostas:
A economia brasileira - Antes, quando a gente ia fazer uma entrevista com a imprensa estrangeira, a coisa que mais se perguntava era sobre economia. Como a economia do Brasil está boa e ninguém perguntou, eu vou dizer uma coisa para vocês (…) Esse momento mágico que vive o Brasil hoje não é uma coisa passageira, é uma coisa que, na minha opinião, vai ter uma duração de médio e longo prazos.
Investimentos - Se vocês olharem o mundo, vão perceber entre as hidrelétricas em construção no mundo, hoje, as três maiores estão no Brasil: Santo Antônio, Jirau e Belo Monte. Se analisarem as ferrovias, três das maiores (do mundo) estão sendo feitas no Brasil (Norte-Sul, Transnordestina, Oeste-Leste) e quatro das maiores refinarias do mundo (Itaboraí, Maranhão, Ceará e Abreu e Lima, em Pernambuco). Se vocês analisarem o investimento em petróleo, no mundo, o maior hoje, está sendo feito pelo Brasil.
Depois do poder - Teve um companheiro que falou: “Presidente, embora o senhor não seja presidente, em fevereiro vai inaugurar tal obra, o senhor não quer vir?”. Eu não posso ir. Querer, eu quero, mas eu não posso. Então, por isso que eu utilizei a palavra “desencarnar”. Eu quero me livrar do mandato presidencial para poder voltar a ser o Lula que eu era antes de ser presidente da República. É isso.
A prova - Quando você pertence à elite de um país, você é governante, se você errou ou não errou, ninguém está ligando. Você termina seu mandato, vai passar seis meses fazendo um retiro em Harvard ou na Sorbonne (…). Aí, passou oito meses, você volta e se candidata outra vez. Mas eu, pelo fato de ter saído de dentro de uma fábrica,ter virado dirigente sindical, ser candidato a presidente da República e ter sido eleito, eu tinha que provar, a cada dia, que eu seria capaz de governar este país. Tinha o (Lech) Walesa e o fracasso dele na Polônia, eu tinha um medo de errar, (…) Então, eu tinha que provar.
Cesare Battisti - Estou apenas aguardando o parecer do Advogado-Geral da União (…). Eu não gostaria de deixar esse assunto para a companheira Dilma. Eu preferia tomar a decisão. Aliás, eu já tenho a decisão na minha cabeça, eu só não posso antecipar, porque um presidente só se pronuncia com base nos laudos e nos autos do processo.
Tributos - Já desoneramos quase R$ 100 bilhões em impostos. (…) Os países que têm carga tributária muito baixa são países muito pobres; os que têm carga tributária alta são os países ricos – é onde o povo vive melhor, tem mais escola, mais transporte, mais cultura, vive melhor. Paga mais imposto. (…) Mas o Estado arrecada e oferece benefícios. Aqui na América Latina tem Estado que tem uma carga tributária de 9%. Um Estado que só arrecada 9% não é Estado, ele não pode nada.
Nações Unidas – Enquanto não houver reforma das Nações Unidas ela não será representativa. As Nações Unidas não podem, com a geopolítica e a geografia de 1948, querer governar o mundo no século XXI. A governança global está enfraquecida, está pouco representativa, e isso interessa a quem tem uma posição deforça na tomada de decisões unilateral. Se a gente quiser fortalecer o multilateralismo, nós vamos ter que ter reforma das Nações Unidas.
Estados Unidos - A relação do Brasil com os Estados Unidos foi boa com o Fernando Henrique Cardoso, com o Sarney, com o Collor, com o Itamar, ela é boa comigo, e vai ser boa com a Dilma, porque nós não misturamos política com relações internacionais.
Dólar – Há uma preocupação de todos os países com o fato de os Estados Unidos estarem tomando posições unilaterais para resolver o seu problema fiscal, sem levar em conta a repercussão que isso tem no restante do mundo, na medida em que o mundo tem o dólar como a moeda que lastreia, praticamente, todo o comércio mundial.
América do Sul - Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai, Bolívia, todas as economias da América do Sul estão crescendo, as reservas em dólar estão aumentando, o consumo está crescendo, a renda salarial está crescendo. Quando eu cheguei ao G-20 e disse que até o dia 30 de outubro a gente tinha criado no Brasil 2,4 milhões de empregos formais, ninguém acredita, porque é tanto emprego para nove meses, em uma situação em que a Europa está tendo um desemprego muito grande.
Fonte: Brasília Confidencial
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