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sábado

Paradoxo venezuelano

Mas afinal, quem está certo? A imprensa que tentou derrubar um presidente eleito democraticamente ou o governo que tenta controla-la

Tive a oportunidade de assistir ao Seminário Cultura Liberdade de Imprensa, realizado pela TV Cultura, na semana passada, e saí de lá com muitas perguntas. Entre elas, claro, a situação atual da mídia na Venezuela. Uma das rodas de discussão contou com a participação do advogado e ex-ministro da informação venezuelano Fernando Egña e do pedagogo e especialista em comunicação Noel Padilla. Ambos avaliaram a situação atual entre a mídia e o governo de Hugo Chávez.

Foi abordado, entre outras coisas, o contexto político e social da Venezuela nas últimas décadas. Com a eleição de Chávez em 1998, o país passou por uma redistribuição da democratização e dos recursos econômicos, e é justamente isso que a mídia, segundo Padilla, não aceita. Para ele, a imprensa venezuelana está concentrada nas mãos de pequenos grupos empresariais que não querem perder espaço e a difusão do conteúdo jornalístico por meio das mídias comunitárias é uma forma de democratizar a informação no seu país.

Garantiu, também, existir total liberdade de expressão. “Quem for à Venezuela verá no impresso, rádio e televisão diferentes opiniões sobre o contexto político e midiático atual”, disse. O pedagogo não pertence a nenhum órgão do governo e disse ainda que sua análise é baseada em pesquisas sobre a realidade midiática, política e econômica do país.

Já o contraponto do debate, Fernando Egña, afirmou que a liberdade de expressão na Venezuela é uma espécie ameaçada. O advogado citou vários dados relacionados ao aumento da interferência do governo na mídia, inclusive, os 40 meios de comunicação que foram fechados nos últimos três anos na Venezuela. “O governo é cada vez mais incompatível com a existência dos meios de comunicação independentes”, explicou. O advogado destacou a necessidade de discutir mais o assunto e estar atento para que a liberdade de expressão no país não se acabe futuramente.

A mídia privada na Venezuela é controlada por um pequeno grupo de empresários ricos e teve importante papel na tentativa de derrubar Chávez há oito anos, como já foi dito num artigo anterior. Acredito que deva existir uma regulamentação, mas não censura e perseguição a jornalistas. As evidências mostram a postura da imprensa em favor ao golpe, que se punam os culpados, mas não a liberdade do país.

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