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terça-feira

Ameaça de morte e briga na UPE.

Uma ameaça de homicídio ocorrida ontem dentro do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no bairro de Santo Amaro, expôs a fragilidade da administração da Universidade de Pernambuco (UPE), segunda maior instituição de ensino superior do estado. O estopim foi causado por um desentendimento entre representantes do Sindicato dos Servidores da UPE (Sindupe) e o chefe de segurança do hospital, o coronel reformado Ivonésio Galvão, que há quatro meses ocupava o cargo comissionado. Descontrolado, ele intimidou os sindicalistas apontando um revólver calibre 38. O motivo da violência foi banal: ele não concordava com a fixação de cartazes que chamavam os servidores para uma assembleia no próximo dia 29 de setembro. O episódio resultou no pedido de exoneração de Ivonésio, aceito pela direção do hospital, e em uma queixa de homicídio prestada pelo presidente do Sindupe na Delegacia da Boa Vista. Mas a "bomba" foi detonada pelo vice-reitor da UPE, Reginaldo Inojosa. Ele atribuiu a ação truculenta ao que chamou de "política de revolução das armas", implantada pelo reitor Carlos Calado.


Foto: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press
"Os três coronéis que fazem a segurança do Oswaldo Cruz foram nomeados pelo reitor Carlos Calado. Nem na revolução de 64 tivemos tanta repressão", declarou. Inojosa afirmou que vai à delegacia para denunciar a ação do coronel e mais uma vez aproveitou para disparar sua "metralhadora" ao reitor. "Ele é um estelionatário universitário, porque não tem mestrado nem doutorado e ocupa um cargo máximo na UPE. Calado é um falso educador", disse.

A briga política chama a atenção. As afirmações chocaram a comunidade universitária. Há pouco tempo, o reitor e o vice eram o que se pode chamar de "unha e carne". No início deste ano, porém, Reginaldo Inojosa saiu do cargo de presidente da Comissão de Vestibular (Conupe) para a entrada da professora Isabel Avelar. Na época, o pretexto era de que o filho de Inojosa participaria do concurso e, por isso, o pai não poderia, por questões éticas, ficar à frente do órgão responsável pela seleção.


Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A Press
Carlos Calado procurou minimizar as declarações de seu vice. "Não sou eu quem nomeia o coronel. O que Inojosa disse não é verdade. Nem conheço esse senhor (Ivonésio Galvão). Segundo o diretor do Oswaldo Cruz, o coronel foi nomeado pelo Instituto de Apoio da Universidade de Pernambuco (Iaupe)", limitou-se. O diretor do hospital, Raílton de Melo, disse que vai apurar, por meio de sindicância, a ação do coronel. "O nosso Departamento Jurídico está analisando como esse procedimento será feito", explicou. Logo após o fato, o militar aposentando, também chefe da segurança do hospital, pediu exoneração do cargo. "Depois do incidente ele pediu para ser demitido. Foi um ato de descontrole, mas que merece investigação", admitiu.

O mal-estar entre o reitor e seu vice não afeta apenas a imagem da instituição. Enquanto os seus dirigentes trocam farpas publicamente, a situação em sala de aula não é das melhores. Apesar de ter conquistado neste ano a gratuidade das mensalidades, uma luta dos alunos que durou mais de 20 anos, a infraestrutura dos campi pede socorro. A tão propagada expansão no interior está se tornando um pesadelo. Faltam professores efetivos para atender os novos cursos e há laboratórios construídos em cima da hora, sem apoio logístico.
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